Disputa política

Coronavac: Comitê Internacional Independente recomenda retomada dos testes

Parecer do comitê ratifica informações fornecidas pelo Instituto Butantan de que causa da morte de voluntário não tem relação com a vacina

Divulgação/Instituto Butantan
Divulgação/Instituto Butantan
Desde abril o Butantan aguarda liberação da Anvisa para os testes clínicos em humanos com a ButanVac

São Paulo – O Comitê Internacional Independente, que analisa os estudos da vacina Coronavac, enviou nesta terça-feira (10) parecer à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendando a retomada dos testes. A paralisação dos testes foi determinada pela própria Anvisa, após um “evento adverso grave” ter sido registrado com um dos 10 mil voluntários.

Segundo informações do jornal O Globo, esse relatório do comitê foi remetido à agência reguladora por volta das 17h desta terça. O parecer ratifica as informações prestadas pelo Instituto Butantan de que o “evento adverso” não tem relação com a vacina.

Com esse novo documento, a expectativa, segundo o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, é que os estudos da Coronavac, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech, possam ser retomados ainda nesta quarta-feira (11).

Após a suspensão dos testes, o diretor do Butantan, Dimas Covas, já havia afirmado que um óbito registrado entre os voluntários não teria nexo causal com a vacina. Ele voltou a frisar essa informação em entrevista coletiva nesta terça. Na sequência, foi divulgado que o voluntário teria cometido suicídio. A versão consta em laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML). Além disso, é apontada como a principal hipótese pela Polícia Civil.

Contudo, também em entrevista coletiva, a Anvisa alegou que não foi informada da causa da morte do voluntário. Mas, em função das “informações insuficientes e incompletas” que teriam sido prestadas pelo Butantan, os técnicos da agência defenderam a decisão pela suspensão.

Guerra jurídica

Apesar dos motivos alegados pela Anvisa para defender a suspensão dos testes da Coronavac, crescem as suspeitas de uso político do órgão, que deveria ser independente. Após decisão da agência, o presidente Jair Bolsonaro comemorou. No Facebook, ele comentou “Jair Bolsonaro ganhou mais uma”. A suposta vitória é referência à disputa que o presidente vem travando com o governador de São Paulo, João Doria.

Entretanto, diante dessa politização, o governo de São Paulo já considera como “inevitável” uma batalha judicial pela aplicação da vacina. Segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, a equipe de Doria acreditava que seria possível “contornar obstáculos” e conseguir a aprovação do imunizante, caso ele seja comprovadamente eficaz. “Mas começa a mudar de ideia”, diante dos últimos episódios.

Bolsonaro já classificou Doria como “projeto de ditador” por defender a aplicação obrigatória da vacina. Além disso, o presidente cancelou um protocolo assinado pelo Ministério da Saúde para a compra de 60 milhões de doses da Coronavac. Anteriormente, o governo de São Paulo havia reclamado da demora da Anvisa para liberar a entrada de insumos importados necessários para a produção do imunizante.


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