Tragédia ‘naturalizada’ da covid-19 no Brasil faz mais 1.175 mortos em 24 horas
O Brasil segue para mais uma semana com média superior a mil mortos por dia de covid-19. País é epicentro da doença no mundo desde o início de julho
Publicado 12/08/2020 - 18h57
São Paulo – Nesta quarta-feira (12), o Brasil voltou a registrar mais de mil mortos pela covid-19 em um único dia. Foram 1.175 vítimas do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Desde o início do surto, em março, são 104.201 vítimas, de acordo com boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Já o número de infectados teve novo acréscimo significativo, com 55.155 novos doentes oficialmente registrados no último período. Com o balanço de hoje, o total de atingidos pela covid-19 chega a 3.164.785. Os números não incluem a ampla subnotificação, uma realidade reconhecida por cientistas e autoridades, já que o país é um dos que menos aplica testes à população.
Mesmo com baixa quantidade de testes, o Brasil segue como segundo mais afetado pela pandemia no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. E, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país segue como epicentro da pandemia global desde o início de julho. Há 10 semanas, o Brasil registra mais de mil mortes diárias, em média.
Descaso
Essa média diária segue em um “platô” com tendências de elevação. Isso se dá principalmente ao descaso do poder público com a covid-19. Após o país atingir o primeiro pico de mortes, acima de mil por dia, no início de julho, a tendência de estabilidade naquele momento foi utilizada amplamente por governadores e prefeitos para a suspensão de medidas de isolamento social.
A suspensão foi prematura, de acordo com cientistas. E o resultado foi notado em poucas semanas. Aumento rápido de mortes e casos passaram a ser diários, semana após semana. Mais da metade dos mortos pela covid-19 no Brasil foram vitimados em apenas um mês, coincidentemente após a flexibilização das medidas de isolamento. Para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), isso significou “jogar fora” o esforço de isolamento até então.
O que se vê pelas grandes cidades são grandes aglomerações que crescem dia após dia com os números de mortos. Em São Paulo, ruas lotadas e serviços não essenciais estão todos abertos. No Rio de Janeiro, praias lotadas e pontos turísticos reabrindo no próximo sábado. Em Manaus, onde as aulas presenciais foram retomadas, professores foram infectados e as atividades em algumas escolas foram rapidamente suspensas.