No alto do platô

Tragédia ‘naturalizada’ da covid-19 no Brasil faz mais 1.175 mortos em 24 horas

O Brasil segue para mais uma semana com média superior a mil mortos por dia de covid-19. País é epicentro da doença no mundo desde o início de julho

EPTV/Reprodução
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Nas grandes cidades, aglomerações que crescem dia após dia com os números de mortos. Em São Paulo, ruas lotadas e serviços não essenciais todos abertos. No Rio de Janeiro, praias lotadas e pontos turísticos reabrindo no próximo sábado

São Paulo – Nesta quarta-feira (12), o Brasil voltou a registrar mais de mil mortos pela covid-19 em um único dia. Foram 1.175 vítimas do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Desde o início do surto, em março, são 104.201 vítimas, de acordo com boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Já o número de infectados teve novo acréscimo significativo, com 55.155 novos doentes oficialmente registrados no último período. Com o balanço de hoje, o total de atingidos pela covid-19 chega a 3.164.785. Os números não incluem a ampla subnotificação, uma realidade reconhecida por cientistas e autoridades, já que o país é um dos que menos aplica testes à população.

Números consolidados pelo Conass

Mesmo com baixa quantidade de testes, o Brasil segue como segundo mais afetado pela pandemia no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. E, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país segue como epicentro da pandemia global desde o início de julho. Há 10 semanas, o Brasil registra mais de mil mortes diárias, em média.

Curvas epidemiológicas de casos e mortos pela covid-19 no Brasil. Tragédia naturalizada

Descaso

Essa média diária segue em um “platô” com tendências de elevação. Isso se dá principalmente ao descaso do poder público com a covid-19. Após o país atingir o primeiro pico de mortes, acima de mil por dia, no início de julho, a tendência de estabilidade naquele momento foi utilizada amplamente por governadores e prefeitos para a suspensão de medidas de isolamento social.

A suspensão foi prematura, de acordo com cientistas. E o resultado foi notado em poucas semanas. Aumento rápido de mortes e casos passaram a ser diários, semana após semana. Mais da metade dos mortos pela covid-19 no Brasil foram vitimados em apenas um mês, coincidentemente após a flexibilização das medidas de isolamento. Para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), isso significou “jogar fora” o esforço de isolamento até então.

O que se vê pelas grandes cidades são grandes aglomerações que crescem dia após dia com os números de mortos. Em São Paulo, ruas lotadas e serviços não essenciais estão todos abertos. No Rio de Janeiro, praias lotadas e pontos turísticos reabrindo no próximo sábado. Em Manaus, onde as aulas presenciais foram retomadas, professores foram infectados e as atividades em algumas escolas foram rapidamente suspensas.

Pesquisadores da Fiocruz já falam em segunda onda nessas cidades que foram afetadas com maior ferocidade no início da pandemia.


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