grito de socorro

Em defesa da saúde, centenas de indígenas ocupam prédio da Sesai em Brasília

Há uma semana, manifestantes reivindicam em frente ao Ministério da Saúde a normalização dos serviços, a renovação de contratos e a saída da secretária Silvia Waiãpi

Cátia Salles/Cimi
Cátia Salles/Cimi
"São vidas humanas que estão sendo postas em risco", adverte presidente da Comissão Especial de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da OAB

São Paulo – A paralisação de serviços de saúde dos povos originários e as demandas dessa população – não atendidas desde o início do mandato de Jair Bolsonaro – levaram novamente centenas de indígenas a ocupar a sede da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), em Brasília. A ocupação, que nesta terça-feira (16) completa sete dias, conta com indígenas do Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para pedir o fim da perseguição às lideranças indígenas, a transparência no orçamento da pasta, o retorno da participação social, a normalização dos repasses mensais e a renovação de contratos emergenciais de transporte.

Representantes dos povos originários relatam como exemplo do descaso da gestão Bolsonaro que os contratos com as frotas que transportam pacientes e profissionais da saúde se encerram no dia 30 de julho e, até o momento, uma nova licitação não está prevista. A negligência pode colocar em risco a saúde da população indígena como um todo mas, principalmente, a situação de pessoas que fazem hemodiálise até três vezes por semana em cidades vizinhas, bem como a de gestantes que necessitam de pré-natal e crianças com atendimento especial.

À repórter Beatriz Drague Ramos, da Rádio Brasil Atual, o cacique do povo Truká, Yssô Truká, conselheiro de saúde indígena em Pernambuco, também destaca a falta de diálogo com a secretaria que, segundo o cacique, se recusa a conversar com as organizações além de vir exonerando funcionários e conselheiros sem qualquer aviso ou participação dos conselhos distritais. “Nós estamos aqui de forma ordeira, o que nós queremos é diálogo, é que as pessoas escutem e parem para nos ouvir”, afirma Truká.

Diante da falta de diálogo e transparência sobre o planejamento orçamentário da Sesai, o presidente da Comissão Especial de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Paulo Machado Guimarães, articula para que as demandas dos povos originários sejam levadas ao presidente da OAB Nacional e, assim, ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afim de que os serviços de transporte e atendimento sejam regularizados o quanto antes. “São vidas humanas que estão sendo postas em risco”, adverte Guimarães.

Em nota ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o Ministério da Saúde declarou que não há atraso em repasses para distritos sanitários especiais de saúde, e que a autonomia dos distritos permanece inalterada e o atendimento efetivo  segue sendo executado dentro da normalidade.

Ouça a reportagem

Leia também

Últimas notícias