Menos venenos

Consulta pública sobre uso de glifosato termina no dia 6. ‘População precisa se manifestar’

Alerta é da pesquisadora e geógrafa Larissa Mies Bombardi. Segundo ela, documento da Anvisa falta com parâmetros científicos, manipula dados e ignora riscos à saúde

Renato Araújo/ABr
Renato Araújo/ABr
"Anvisa está trabalhando os dados e quer nos fazer crer que o glifosato é seguro”, critica Larissa sobre manipulação

São Paulo – Termina na próxima quinta-feira (6) a consulta pública da Agência Nacional de Vigiliância Sanitária (Anvisa) sobre a manutenção do ingrediente ativo glifosato em produtos agrotóxicos no Brasil. Pesquisadora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), Larissa Mies Bombardi, também autora do Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, destaca que a pesquisa é um importante instrumento para a população barrar o glifosato e pedir um período de tempo maior para que a Anvisa apresente parâmetros de análises científicas que não estão sinalizados no documento que acompanha a consulta.

“Falta transparência nos procedimentos e na metodologia de pesquisa utilizada tanto em relação aos alimentos, sobretudo, mas também com relação à água”, afirma Larissa em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual. Desde que a consulta foi aberta, em março, a pesquisadora vem alertando quanto à manipulação dos dados e os riscos à saúde ignorados pela Anvisa sobre o uso do agrotóxico.

De acordo com Larissa, além da metodologia não ter rigor científico, os dados foram coletados sem paridade nas amostras por estado sobre a quantidade de uso da substância. “São Paulo usou metade da quantidade de glifosato que o Mato Grosso utilizou, mas teve 30 vezes mais coletas de amostras que Mato Grosso. É algo que não se sustenta nas próprias pernas, nenhum trabalho pode ser considerado sério numa desproporção dessas”, explica, chamando a atenção também para a falta da coleta de amostras de resíduos na soja e no milho, cultivos em que o glifosato é usado em ampla escala.

“Escândalos em cima de escândalos. É a forma como a Anvisa está trabalhando os dados e quer nos fazer crer que o glifosato é seguro”, critica a pesquisadora.

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