Caso Marielle

Viúvas de Marielle e Anderson destacam “sorriso cínico” de ex-chefe da Polícia Civil

Rivaldo Barbosa foi preso neste domingo (24) em operação da Polícia Federal que mira mandantes do assassinato

Fernando Frazão/Ag.Brasil
Fernando Frazão/Ag.Brasil
Monica Benicio à frente de um grafite com o retrato de Marielle Franco

São Paulo – A vereadora Monica Benício (PSOL), viúva de Marielle Franco, e Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, publicaram uma nota na tarde deste domingo (24) sobre a Operação Murder Inc, da Polícia Federal, que prendeu os supostos mandantes do crime. O texto destaca a surpresa das duas com o ex-chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, preso hoje junto com Domingos Brazão e o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ).

“Rivaldo, que recebeu as nossas famílias logo após Marielle e Anderson serem assassinados, com o sorriso cínico que só as mais corruptas das burocracias podem produzir, nos dizendo que o caso seria uma prioridade máxima para ser solucionado o mais rápido possível. Seu nome envolto nessa execução brutal só demonstra o tamanho do abismo que vivemos no Estado do Rio de Janeiro, com instituições amplamente comprometidas nas teias mais podres do crime, da corrupção e do mercado de mortes”, escreveram.

A nota destaca, ainda, que as famílias não vão descansar até que seja dada a sentença aos mandantes e assassinos de Marielle e Anderson.

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Leia a íntegra da nota

Foram 2.202 dias de espera. 6 anos e 10 dias dessa dor que hoje não acaba, mas que encontra, finalmente, um momento de esperançar justiça e paz. E isso é apenas uma parte do que Marielle e Anderson merecem. Nesse domingo chuvoso de março, a verdade começou a ser desvelada. O que, diante da nossa dor, é o tempo de uma vida inteira depois daquele 14 que marcou mais do que nossas vidas – marcou a nossa carne e o próprio Estado Democrático de Direito.

A Polícia Federal realizou hoje uma operação para prender não um, mas três mandantes do assassinato brutal de Marielle e Anderson. Se os nomes de integrantes da família Brazão não causam surpresa ao serem revelados, a investigação da PF traz ainda mais um integrante desta odiosa trama: Rivaldo Barbosa, o então chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. O anúncio do seu nome mostra que a Polícia Civil não foi apenas falha, mas cúmplice deste crime.

Rivaldo, que recebeu as nossas famílias logo após Marielle e Anderson serem assassinados, com o sorriso cínico que só as mais corruptas das burocracias podem produzir, nos dizendo que o caso seria uma prioridade máxima para ser solucionado o mais rápido possível. Seu nome envolto nessa execução brutal só demonstra o tamanho do abismo que vivemos no Estado do Rio de Janeiro, com instituições amplamente comprometidas nas teias mais podres do crime, da corrupção e do mercado de mortes.

Um passo decisivo foi dado, mas a luta por justiça que nossas famílias travam nesses longos seis anos não termina na manhã de hoje. Não descansaremos até que haja, enfim, uma sentença. E iremos além. Não descansaremos até que todos os sórdidos poderes que dominam este Estado sejam, enfim, derrotados.

À Polícia Federal, ao Ministério da Justiça, e ao Governo Federal, ao Ministério Público do Rio de Janeiro e ao Ministério Público Federal, expressamos o nosso mais profundo reconhecimento pelo compromisso de fazer valer este sopro de esperança. Há luta pela frente, e estaremos cada vez mais fortes para enfrentá-la.

Hoje vence a democracia. Hoje Marielle e Anderson começam a ter justiça por suas vidas ceifadas. Não descansaremos até que a Justiça seja feita de forma plena. Por Marielle e Anderson, por nossas famílias, pela democracia no Brasil.

Monica Benicio, viúva de Marielle Franco. Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes.