Paulo Vannuchi

‘Telhada em Direitos Humanos aponta sintonia do PSDB com extrema-direita’

Analista comenta a reação à indicação do Coronel Telhada (PSDB) para integrar a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, contestado até dentro do seu próprio partido

reprodução/Facebook

Se nome de Telhada for mantido, Vannuchi prevê embates com movimentos sociais e de direitos humanos

São Paulo – Para Paulo Vannuchi, analista político da Rádio Brasil Atual, a indicação do deputado estadual Coronel Telhada (PSDB) para integrar a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia de Legislativa de São Paulo é um “absurdo”. Em seu comentário de hoje (18), ele afirma que a presença de Telhada na comissão coloca o PSDB em “em sintonia completa com essa avalanche conservadora, reacionária, ultradireitista” e “é uma tentativa de cerco e isolamento” aos movimentos sociais de defesa dos direitos humanos no estado.

“Coronel Telhada é ex-comandante da Rota e coronel da Polícia Militar de São Paulo e se gaba de ter matado dezenas”, afirmaVannuchi. “É um apologista da morte.” Contudo, o analista debita a escolha equivocada na conta do governador Geraldo Alckmin, pois, segundo ele, a bancada tucana na Assembleia “é inteiramente dócil ao governador” e nada faz sem consultá-lo.

Vannuchi compara o que ocorre na Legislativo paulista com a nomeação, cerca de dois anos e meio atrás, do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, “uma espécie de escândalo”, dada a postura “fundamentalista, racista e homofóbica” do deputado, que provocou uma série de protestos. A diferença, lembra o analista, é que, no primeiro caso, a grande mídia deu intensa cobertura, tentando atribuir responsabilidades ao PT. Agora, com relação ao Coronel Telhada, a cobertura é bem menos intensa.

Vannuchi cita as reações contrárias à presença de Telhada na Comissão de Direitos Humanos. O Instituto Vladimir Herzog divulgou carta, assinada por Ivo Herzog, filho do jornalista morto durante a ditadura, em que diz que tal indicação desonra a memória de seu pai e exige respeito aos direitos humanos.

A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, dirigida por Antônio Funari Filho, pede ao líder do PSDB na Casa, deputado Carlão Pignatari, que revogue a indicação.

Outro deputado do próprio PSDB, Carlos Bezerra, cotado para disputar a presidência da Comissão, classifica a indicação como “surreal”.

Paulo Sérgio Pinheiro, que foi secretário de Direitos Humanos, no governo FHC, e é também um dos fundadores do PSDB, afirmou que a indicação desrespeita figuras históricas do partido ligadas aos direitos humanos, como os ex-governadores de São Paulo Franco Montoro e Mario Covas.

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