Fim do recesso

STF decide esta semana sobre improbidade. Em setembro, Rosa Weber assume presidência

Ministra vai tomar posse no lugar do atual presidente, Luiz Fux, em cerimônia de transmissão do cargo prevista para o dia 12 de setembro

Fellipe Sampaio /SCO/STF
Fellipe Sampaio /SCO/STF
Está com Rosa Weber relatoria de ações contra a “graça” concedida por Bolsonaro a Daniel Silveira

São Paulo – Após o recesso de julho, o Supremo Tribunal Federal (STF) abre nesta segunda-feira (1º) as sessões plenárias da Corte, com julgamentos de ações diretas de inconstitucionalidade contra leis estaduais de Minas Gerais, Pará e Amapá sobre taxas de fiscalização sobre recursos minerais. Mas o primeiro destaque será na próxima quarta-feira (3), quando a Corte vai julgar se alterações na Lei de Improbidade Administrativa promovidas pela Lei 14.230/2021 podem ser aplicadas retroativamente.

A decisão vai ter impacto nos direitos políticos do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, que quer se candidatar a deputado federal, e do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, que desistiu de disputar o governo do Rio de Janeiro pelo União Brasil.

Entre os dias 12 e 19, o STF deve apreciar recursos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre inquéritos envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (PL). Um é sobre recurso da PGR contra decisão de Alexandre Moraes, que determinou abertura de inquérito sobre fala de Bolsonaro vinculando a vacina contra a covid ao risco de contrair HIV. Outro diz respeito a vazamento de inquérito sigiloso da Polícia Federal sobre ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Para a semana que vem (dia 10), está previsto o julgamento sobre a prisão especial de quem tem diploma de ensino superior. A PGR defende que a previsão é inconstitucional. A ação é antiga, de 2015, quando o procurador-geral da República era Rodrigo Janot.

Mudança na presidência

No calendário do segundo semestre, a mudança na presidência do Supremo está prevista para 12 de setembro. A ministra Rosa Weber vai tomar posse no cargo, substituindo o atual presidente do STF, Luiz Fux. A data inicialmente prevista para a troca no comando do tribunal era 9 de setembro. Depois, foi adiada para dia 12. Isso para afastar a cerimônia de troca de comando na Corte do feriado de 7 de setembro, quando são esperadas manifestações  bolsonaristas, em uma semana tensa.

De postura discreta e considerada técnica, Rosa Weber tem desagradado o Palácio no Planalto após decisões contrárias aos interesses de Bolsonaro. São os casos da decisão que suspendeu a execução das emendas do chamado Orçamento Secreto, assim como sobre o caso da vacina indiana Covaxin, um dos casos mais graves apurados pela CPI da Covid.

No final de março, a ministra negou o arquivamento do inquérito sobre eventual crime de prevaricação no caso da compra da vacina. O pedido de arquivar foi feito pela PGR, comandada por Augusto Aras, aliado de Bolsonaro. Porém, após novo pedido do PGR, a ministra determinou o arquivamento do inquérito.

Está com Rosa Weber a relatoria das ações contra a “graça” concedida por Bolsonaro ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo a oito anos e nove meses de prisão por estimular atos antidemocráticos e ataques a instituições como o próprio STF.

Rosa é considerada “avessa a holofotes”. Não gosta de conceder entrevistas, por exemplo. Ela será a terceira mulher a presidir o STF. A primeira foi Ellen Gracie, que esteve no cargo de 2006 a 2008. Dez anos depois, foi a vez de Cármen Lúcia, que presidiu o tribunal de 2016 a 2018.


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