Metrô

Corrupção não existiria sem o aval de autoridades públicas, diz secretário de Haddad

Para Simão Pedro, cartel de empresas e superfaturamento revela conluio entre empresas e governo do estado

©juliana knobel/frame/folhapress

Para Simão Pedro, prejuízo maior foi para a população

São Paulo – O secretário municipal de Serviços de São Paulo, Simão Pedro (PT), afirmou hoje (14) que o esquema de cartel denunciado pela empresa francesa Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em que contratos de licitação do Metrô e da Companhia Paulista de Transporte Metropolitano (CPTM) apresentavam manipulações, desde o governo Mário Covas (1995-2001) até 2007, na gestão José Serra, tem como principal vítima a população, e não o estado.

Antes de assumir a secretaria na gestão Fernando Haddad (PT), Simão Pedro era deputado estadual e acompanhou as denúncias desde o início.

“Não tem sentido falar que não tinha corrupção, não tem sentido dizer que estado foi lesado e foi vítima. A nossa sociedade é que foi vítima de um conluio entre empresas e autoridades públicas”, disse o secretário à Rádio Brasil Atual. Na semana passada, ao comentar às denúncias de corrupção do Metrô, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que “se houve cartel, o estado foi vítima”.

Simão Pedro ressalta que o metrô de São Paulo é um dos mais caros do mundo e o motivo para isso, segundo ele, veio à tona com as denúncias da Siemens. “O metro de São Paulo é o segundo mais caro do mundo em termos da sua implantação e agora está vindo à tona e ficando claro que isso tem a ver com o superfaturamento dos contratos. Segundo a Siemens, o superfaturamento chegou a 30%. Então, imagina se tivéssemos lidado com uma real concorrência, poderíamos ter muito mais metrô, se não fosse este conluio do cartel com autoridades estaduais.”

Para o ex-deputado, é muito improvável que houvesse a formação de cartel entre as empresas sem a ciência das autoridades estaduais.

“Não tem mais a desculpa de que foi um deputado da oposição que fez a denúncia, ou que foi um dirigente partidário, foi a própria empresa que procurou o Cade buscando limpar seu nome e seus interesses. Não existe cartel sem a conivência de autoridades públicas. Se você tem autoridades públicas sérias, que têm em primeiro lugar o interesse público, a economia, a transparência, é evidente que as autoridades não permitem acerto entre empresas”, finalizou.

Ouça aqui a entrevista de Simão Pedro na Rádio Brasil Atual.