Relembrar é viver

Saiba quem é Filipe Martins, ex-assessor que teria entregue minuta golpista a Bolsonaro

Delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid trouxe de volta aos holofotes o ex-assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins

Reprodução/Youtube
Reprodução/Youtube
Filipe Martins era da chamada ala olavista do governo Bolsonaro, o grupo dos “discípulos” do “filósofo” Olavo de Carvalho

São Paulo – As notícias sobre a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, à Polícia Federal (PF), trouxeram de volta aos holofotes um personagem que havia conseguido submergir após a derrota nas eleições: o ex-assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro Filipe Martins, que teria entregue ao então chefe de governo uma minuta de decreto para convocar novas eleições, com direito até a prisão de adversários.

Na colaboração com a PF, Cid teria afirmado que o ex-presidente consultou militares sobre a minuta golpista, de acordo com reportagem do Uol, após a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno.

Filipe Martins era da chamada ala olavista do governo anterior, dos “discípulos” do “filósofo” Olavo de Carvalho, que, na verdade, quando vivo, era um farsante que expressava excentricidades por meio de palavrões e era “guru” de parcela do bolsonarismo que se afirma terraplanista.

Marca supremacista branca

Martins teve seus 15 minutos de fama em março de 2021, quando foi flagrado fazendo o gesto conhecido como White Power durante uma sessão no Senado transmitida ao vivo, na qual aparece atrás do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O símbolo é conhecido como marca dos movimentos supremacistas brancos dos Estados Unidos.

Embora denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), Martins foi absolvido pelo juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal. Na decisão, o juiz afirmou com ironia que a alegação do MPF carecia de provas. Segundo o magistrado, a versão de que o gesto é racista “tem o mesmo valor probante daquela afirmada pelo acusado – a de que estava ‘passando a mão no terno e depois arrumando sua lapela’ –, a saber, nenhum”. Veja o gesto abaixo.

MPF: inverossímil

O MPF alegou não ser “verossímil nem casual que tantos símbolos ligados a grupos extremistas tenham sido empregados de forma ingênua pelo denunciado, ao longo de vários meses em que ocupa posição de poder na estrutura da administração pública federal”.

Filipe Martins justificou o gesto dizendo que só estava ajeitando a lapela do terno. O ex-assessor de Bolsonaro chamou de “palhaços” os que o acusavam de racismo e disse que seriam “processados e responsabilizados, um a um”.

O sinal que alude ao “poder branco” (white power) foi bastante usado pelos “militantes” que invadiram o Capitólio nos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, após a derrota do republicano Donald Trump.

Leia ainda: