Reforma política

PT decide rejeitar contribuições de empresas a campanhas eleitorais

Diretório nacional decide combater dinheiro empresarial em eleições; medida deve ser apreciada pelo congresso do partido, em junho

José Cruz/abr

Segundo Falcão, o partido revitalizará a contribuição voluntária de filiados e simpatizantes

São Paulo – O presidente nacional do PT, Rui Falcão, anunciou em entrevista coletiva no final da tarde de hoje (17) que os diretórios nacional, estaduais e municipais do partido não mais receberão doações de empresas privadas. A decisão deve ser detalhada, referendada e regulamentada no 5º Congresso do partido, que será realizado em junho, em Salvador.

Segundo Falcão, o partido revitalizará a contribuição voluntária de filiados e simpatizantes. O dirigente afirmou que o fato de a legenda adotar o autofinanciamento não significa que as que recebeu até agora tenham qualquer tipo de mácula: “Temos nos pautando pela lei em vigor”.

O autofinanciamento pode ser posto em prática em maio e permitirá estimular contribuições de R$ 15 a R$ 1.000 de pessoas físicas.

O PT anunciou, durante a tarde, que o ex-deputado federal de Sergipe Márcio Macêdo é o novo tesoureiro do partido. “Macêdo não é nem interino, nem tampão e ocupa o cargo com plenas responsabilidades”, disse Falcão. No entanto, essa e outras decisões e propostas serão reanalisadas pelo partido no Congresso.

A indicação de Macêdo foi consensual. O novo tesoureiro é da mesma tendência, a Construindo um Novo Brasil (CNB), do ex-governador de Sergipe Marcelo Déda, morto em 2013, e do ex-senador José Eduardo Dutra.

Antes da entrevista, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, comentou a reunião que decidiu pelo nome do novo tesoureiro, à qual avaliou como “muito positiva”, e a decisão do partido sobre financiamento de campanhas. “Um partido que tem 1,7 milhão de filiados e alguns milhões de eleitores pode se autofinanciar.”

Questionado sobre a declaração do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, segundo a qual não adianta mudar o financiamento de campanha porque o roubo está no DNA, respondeu com ironia. “Eu não sou biólogo, não entendo dessas coisas. Ele deve saber melhor do que eu”, disse.

Garcia também comentou a discussão de membros do PSDB, como o senador Aécio Neves, sobre as “pedaladas fiscais” como motivo para um impeachment, observando que Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, considerou a ideia sem procedência. “Eles estão esperneando. Além do que, estão em dúvida sobre o futuro, porque, entre outras coisas, contavam que as mobilizações de rua viriam em benefício do partido (PSDB), mas não me pareceu ter sido o caso.”

Documento

Durante a entrevista de Rui Falcão, o partido distribuiu texto da resolução sobre a suspensão de doações de empresas privadas, válida para os diretórios, e não ainda para os políticos individualmente. No documento, a legenda defende que “um novo pacto do campo democrático popular é indispensável para disputar as ruas e as instituições contra o bloco conservador”. Diz ainda que “a principal batalha da conjuntura é a que está sendo travada” contra o PL 4.330, da terceirização.

Falcão disse que as investigações da Lava Jato seguem um curso determinado por uma “onda conservadora destinada a cercar a presidenta Dilma, a ensaiar, sem base política e legal, o impeachment, porque não se conforma com a derrota eleitoral, e porque é uma finalidade declarada por muita gente, estampada na imprensa, de destruir o PT”.

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