Mentiroso contumaz

Propaganda de Bolsonaro cita ‘ataque’ a tiros em Paraisópolis descartado pela polícia e até por Tarcísio

Bolsonaro e seus apoiadores tentam utilizar tiroteio sem relação com seu candidato em SP, Tarcísio, como arma política

Lucio Távora/Xinhua
Lucio Távora/Xinhua
"Os relatos são unânimes: o tiroteio não foi no mesmo local em que Tarcísio estava. Quem já ouviu um tiroteio sabe que tiros podem ser ouvidos de longe"

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro (PL) segue com a estratégia da desinformação como arma de campanha para tentar a reeleição. Hoje (17), o político abriu o horário eleitoral obrigatório dizendo que comitiva de seu aliado, que concorre ao governo do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi alvo de “ataque de criminosos” em Paraisópolis. A verdade, contudo, é outra. Uma visita de campanha à favela de Paraisópolis, na capital paulista, foi interrompida após presentes escutarem sons de tiros. Informações da Secretaria de Segurança Pública dão conta de que não há relação entre o comício e o fato.

De acordo com o secretário de Segurança Pública do estado, João Camilo Pires de Campos, uma operação da Polícia Militar acontecia nas redondezas. Entre os resultados, está um suspeito baleado. “Os dados que temos até agora não há indicação de atentado”, disse o secretário, em coletiva.

Reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, afirmou que Tarcísio descartou que o fato tivesse relação com a disputa eleitoral, e que ele recebeu telefonema de solidariedade de seu rival no segundo turno, Fernando Haddad (PT). O repórter da mesma emissora Victor Ferreira estava no local. Ele relatou os fatos. “Conversei com moradores de Paraisópolis e gente que trabalha em UBS na região e viu os tiros. Os relatos são unânimes: o tiroteio não foi no mesmo local em que Tarcísio estava. Quem já ouviu um tiroteio sabe que tiros podem ser ouvidos de longe.”

Repercussão do ‘atentado’

O advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho lembrou que câmeras nas fardas dos policiais podem comprovar que não houve ligação entre os fatos. Câmeras, que aumentaram a segurança dos policiais e reduziram a letalidade da polícia, que Tarcísio é contra. “As câmeras nas fardas dos policiais poderão comprovar que Tarcísio não sofreu atentado coisa nenhuma. Tarcísio é contras as câmeras. Ponto.”

Mesmo distante da realidade, os bolsonaristas seguem com a narrativa mentirosa nas redes sociais. O primeiro veículo a noticiar os fatos como “atentado” foi a rádio bolsonarista Jovem Pan. Depois disso, as redes sociais foram inundadas com falácias que ligam adversários do presidente e os moradores das favelas ao crime. O mestre em Ciência de Dados da USP Arcelino Neto cruzou dados das contas no Twitter que mais repassaram fake news sobre o tema. Elas foram criadas, em massa, neste mês de outubro. Ele levantou suspeitas de ação coordenada de perfis falsos em torno da desinformação.


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