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Procuradores da Lava Jato travam acordo de sócio da OAS por inocentar Lula

Léo Pinheiro disse que o ex-presidente Lula não teve envolvimento nos casos do apartamento em Guarujá e do sítio em Atibaia. Três meses depois, aceitação da colaboração do executivo é incerta

Luis Macedo/Agência Câmara

Léo Pinheiro foi condenado a 16 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa

GGN – Um acordo de delação premiada que favorecesse o já condenado a 16 anos de prisão, Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da OAS, não foi fechado pela operação Lava Jato porque, em suas narrativas, o empresário inocentou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao contrário do que mostrou o rápido avanço do acordo com executivos da Odebrecht, como Marcelo e seu pai Emílio, que prometeram revelar esquema de caixa 2 com todas as campanhas majoritárias recentes, a negociação de Pinheiro teve início em março deste ano e, depois de três meses, ainda não há perspectivas de que os investigadores aceitem a colaboração do executivo.

Isso porque, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a versão dos fatos dada por Léo Pinheiro ao caso da reforma do apartamento, no Guarujá, e do sítio, no interior de São Paulo, é considerada pouco crível pelos procuradores da Força Tarefa.

A versão dada pelo ex-presidente da OAS foi que Lula não teve influência ou papel na reforma do apartamento e nas obras do sítio. Segundo Léo Pinheiro, os investimentos na propriedade de Atibaia ocorreram a pedido de Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, em 2010, último ano do governo do ex-presidente. À Polícia Federal, Okamotto confirmou que pediu as obras no sítio.

Já no Guarujá, Léo Pinheiro afirmou que decidiu reformar o apartamento para agradar o ex-presidente, e não como contrapartida de algum benefício que o grupo tenha recebido por Lula. A OAS investiu em cerca de R$ 1 milhão nas obras do apartamento, mas a família do ex-presidente não se interessou pelo imóvel.

A versão é a mesma apresentada pelo ex-presidente Lula aos investigadores. Desde que foi condenado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) de Porto Alegre, em agosto do último ano, por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Pinheiro aguarda apenas o julgamento de um recurso, podendo retornar para a prisão neste mês, já em cumprimento da pena da Lava Jato.