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Presidente do PT anuncia mobilização permanente contra impeachment

Rui Falcão afirmou que lideranças políticas e sociais estão unidas na defesa do mandato de Dilma e da democracia, e que negativa de apoio a Eduardo Cunha reunificou base do partido

Paulo Pinto/ Agência PT/fotos públicas

Falcão afirmou que segunda-feira uma reunião com o presidente Lula vai definir moblização pró-Dilma

São Paulo – Preocupado em mostrar unidade das forças progressistas diante do acolhimento pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, reuniu a imprensa na tarde de hoje (4) para falar da estratégia que será adotada a partir de agora para a defesa da democracia e do mandato da presidenta.

“Temos uma nota que foi aprovada unanimemente. É uma síntese das nossas resoluções, depois de analisarmos o quadro nacional. Tem uma participação importante, além da executiva nacional, que foi a contribuição de alguns presidentes estaduais que estavam presentes também (na reunião que aprovou a nota)”, disse. Falcão destacou que a nota foi aprovada por dois dos três deputados do partido no Conselho de Ética, que avalia o caso do presidente da Câmara, acusado de mentir aos seus pares e que tem dois processos à espera de acolhimento no Supremo Tribunal Federal (STF), “além de denúncias que correm de inúmeros malfeitos, veiculados na grande mídia”, disse.

A nota afirma que “o Partido dos Trabalhadores coloca-se em estado permanente de mobilização e convoca sua aguerrida militância a ocupar o lugar que lhe cabe, com firmeza e generosidade, nas trincheiras da democracia”. A nota se encerra com a afirmação de que “a esperança venceu o medo quando raiou o século 21” e “a coragem, agora, derrotará a chantagem e o golpismo”.

Segundo Falcão, também contribuíram para a unidade manifestada hoje as lideranças do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante da Juventude, além de CUT e da Central de Movimentos Populares (CMP).

“Todos já antecipam sua participação na reunião de segunda (7, no centro de São Paulo, no Sindicato dos Engenheiros às 11h), com a presença do ex-presidente Lula, quando haverá um debate sobre o calendário de mobilizações de convencimento de combate ao golpe, a defesa da democracia e do mandado da presidenta”, disse.

Falcão afirmou que os movimentos também vão adotar a bandeira do ‘Fora Cunha’, “porque entendem que o Cunha sintetiza a apresentação de pautas conservadoras no Congresso Nacional, contra as mulheres, contra a juventude, em busca de suprimir direitos dos trabalhadores e também com reivindicações de que a partir de uma nova conjuntura de estabilidade, que venha a se abrir com o fim dessa tentativa de golpe, nós possamos retomar o caminho do crescimento econômico sustentável, com distribuição de renda, proteção dos empregos e geração de renda, e também criar uma mobilização para obter reformas que a gente há muito tempo vem lutando por elas, como a reforma política, reforma tributária, o aprofundamento da reforma agrária e assim por diante, que são pautas do movimento social, que não se sobrepõem à luta em defesa da democracia e do mandato da presidenta Dilma, que neste momento ganha relevância sobre as demais pautas”.

“Nós colocamos também o PT em clima de mobilização permanente, várias mobilizações vão ocorrer nos estados, algumas já programadas, elas também se somam às reuniões que os diretórios já estavam programando, como é o caso do diretório de São Paulo, amanhã (5), no Pernambuco e no Ceará também e algumas pautas também de novas filiações, como é o caso, também amanhã, às 14h na Uninove, quando 500 novos filiados vão oficializar sua entrada no PT”, afirmou Falcão.

Ele disse que a partir daí, “nós vamos também, na segunda-feira, caminhar para pautas unitárias, deliberações unitárias com os movimentos”. Segundo Falcão, “a decisão de que os nossos deputados renegassem o apoio ao Cunha no Conselho de Ética foi uma sinalização efetiva para todos esses movimentos que saudaram essa decisão do PT, que isso reunificou toda a base petista e que trouxe de volta para uma luta comum todos esses movimentos que tiveram um papel decisivo nas mudanças que o país conseguiu promover nesses últimos 13 anos, e que também contribuíram para a vitória da presidenta Dilma nas eleições do ano passado. Eles querem assegurar que ela possa cumprir seu mandato integralmente.”

Senador Delcídio Amaral

Falcão disse também que a direção do partido decidiu pela suspensão de filiação do senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso por tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato. Conforme prevê o estatuto do partido, a suspensão vale pelo período de 60 dias. “Vamos aplicar o artigo 246 do estatuto, que trata de atividades passíveis de expulsão, bem como cancelamento de suas prerrogativas de líder”. Ele esclareceu que o processo disciplinar pode culminar na expulsão do senador do partido, e que nesses 60 dias ele terá ampla possibilidade de defesa.