Lava jato

Procurador-geral pede ao STF autorização para investigar Renan

Novos pedidos da PGR incluem, além do presidente do Senado e mais um processo contra Delcídio, os peemedebistas Jader Barbalho (PA) e Aníbal Gomes (CE). Eles teriam sido citados por Fernando Baiano

memória/ebc

A situação mais complicada em relação às investigações, depois da de Delcídio do Amaral, é a de Renan Calheiros

Brasília – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou hoje (30) novos pedidos de investigação contra parlamentares ao Supremo Tribunal Federal (STF). As solicitações são para abertura de inquérito, por suspeitas de corrupção passiva e lavagem de dinheiro relacionadas à Operação Lava Jato, contra o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA), Aníbal Gomes (PMDB-CE), além de Delcídio do Amaral (PT-RS) – preso na última semana.

Foram dois os pedidos feitos por Janot ao STF: o primeiro, numa mesma peça, quer investigações sobre Delcídio do Amaral, Renan e Barbalho. O segundo, para que sejam investigados, num outro caso, Renan, Barbalho e Gomes. De acordo com informações da PGR, os inquéritos correm em segredo de Justiça. O procurador-geral ainda não autorizou a divulgação de que formalizou, de fato, tais pedidos (embora o STF já tenha confirmado o recebimento das licitações).

De acordo com senadores e assessores legislativos ouvidos, onde os novos pedidos têm ampla repercussão, os indicativos são de que as investigações diriam respeito a acusações feitas em delação premiada pelo lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, conhecido na Lava Jato como o operador do PMDB no esquema investigado.

A situação mais complicada em relação às investigações, depois da de Delcídio do Amaral, é a do senador Renan Calheiros. Com mais esses dois pedidos para abertura de inquérito, o presidente do Senado enfrenta a apuração de sua quinta denúncia envolvimento na Lava Jato. Amaral, apesar de já estar preso, é alvo de duas investigações, na mesma operação e Gomes já figurava em um pedido anterior. Jader Barbalho, por sua vez, não tinha até hoje seu nome na lista de investigados.

As delações que teriam sido feitas contra estes senadores remetem a acusações de recebimento de propinas na contratação do navio sonda Petrobras 10.000 e na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Renan Calheiros afirmou, por meio de sua assessoria, que suas relações com as empresas públicas nunca ultrapassaram os limites institucionais, que já prestou esclarecimentos e permanece à disposição para novas informações. “O Senador acrescenta ainda que nunca autorizou, credenciou ou consentiu que seu nome fosse utilizado por terceiros”, diz a nota.

No total, o STF tem 31 inquéritos já abertos sobre a Lava Jato e quatro pedidos de abertura: os dois de hoje e outros dois apresentados contra o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL), na semana retrasada. Caso os pedidos sejam acolhidos, a operação passaria a ter um total de 68 investigados – entre 23 deputados, 14 senadores, além de um ministro do Executivo (Edinho Silva) e um ministro do Tribunal de Contas da União (Raimundo Carrero).

A notícia da nova investida da PGR aumentou a apreensão nos gabinetes do Congresso, que passaram a discutir o tema e especular entre as bancadas a possibilidade de novos nomes serem denunciados. Apesar de hoje ser uma segunda-feira, em que muitos dos parlamentares costumam permanecer nos seus estados, vários deputados e senadores da combinaram de chegar mais cedo a Brasília esta semana – para discutir a votação das matérias que estão na pauta da sessão conjunta de amanhã.