PF, Forças Armadas, Funai e Ibama fazem operação para retomada da terra Yanomami
Objetivo é instalar e garantir o funcionamento de bases policiais permanentes para o apoio à retirada dos mais de 20 mil garimpeiros do território
Publicado 10/02/2023 - 13h31
São Paulo – A Polícia Federal (PF) e as Forças Armadas deflagraram nesta sexta-feira (10) operação conjunta para destruir aeronaves e maquinários do garimpo na Terra Indígena Yanomami. O objetivo é instalar e garantir o funcionamento de bases policiais permanentes para o apoio e monitoramento da retirada dos mais de 20 mil garimpeiros do território. Essas bases serão operadas pela Força Nacional, enquanto o Exército fará a operação logística.
Participam da operação agentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e da Força Nacional de Segurança Pública.
Nesta segunda e terça (6 e 7), o Ibama iniciou a desmobilização do garimpo ilegal. Destruiu aeronaves e maquinários e apreendeu mantimentos. Já na quinta (9), a PF instalou um centro de comando e controle na sede da superintendência em Boa Vista. Coordenado pela PF, o centro conta com o trabalho integrado do Ibama, Funai, Força Nacional de Segurança Pública e Ministério da Defesa.
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Dezenas de policiais e militares foram enviados a Boa Vista para as ações nesta quarta (8). A PF e as Forças Armadas usam helicópteros do tipo Black Hawk, capaz de transportar mais de dez policiais. A aeronave é considerada ideal por forças policiais para esse tipo de operação.
A operação integra as ações determinadas em decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último dia 31, para salvar os Yanomami e expulsar os garimpeiros. Logo em seguida o governo passou a planejar as operações para retirada dos invasores. A Força Aérea Brasileira (FAB) passou a controlar o espaço aéreo já no dia 1º. Cinco dias depois, flexibilizou o controle para permitir os voos de saída dos invasores.
Garimpo, mortes e doenças em terra Yanomami
A atividade ilegal envolve o uso de mercúrio, que contaminou os rios e causou doenças. E seu maquinário espantou aves e animais, impossibilitando a caça e trazendo a fome e destruição. Além disso, a grande circulação de garimpeiros trouxe surtos de diversas doenças, como malária. O resultado da explosão da invasão das terras indígenas, com apoio do então presidente Jair Bolsonaro, é uma emergência em saúde. Nos últimos quatro anos, 570 crianças Yanomami morreram.
Os garimpeiros já começaram a deixar o a terra Yanomami. Os que podem vão de avião. Os demais vão por terra, dentro da floresta, em estradas que ligam a pequenos portos. Dali seguem de barco, em viagens que levam dias.
Outra operação deflagrada pela PF nesta sexta foi em Boa Vista (RR). O objetivo foi cumprir oito mandados de busca e apreensão em endereços de suspeitos de integrar uma organização criminosa de lavagem de dinheiro a partir da compra e venda de ouro ilegal. Entre eles está Vanda Garcia, irmã do governador de Roraima, Antônio Denarium, apoiador do garimpo em terras indígenas.
Segundo a PF, os suspeitos teria movimentado R$ 64 milhões em dois anos. Eles teriam usado empresas de fachada para tentar “legalizar” as transações financeiras.
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Redação: Cida de Oliveira