PDT mostra divisão interna sobre permanência de Lupi

Boa parte dos líderes da legenda afirmam confiar no ministro (Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado) São Paulo – A pressão sobre o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, ampliou-se […]

Boa parte dos líderes da legenda afirmam confiar no ministro (Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado)

São Paulo – A pressão sobre o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, ampliou-se e até o PDT, partido do qual é presidente licenciado, voltou a emitir sinais de divisão interna. Embora boa parte dos líderes da legenda afirmem confiar no ministro, cresce o questionamento sobre a “conveniência política” de mantê-lo no posto.

Durante depoimento do ministro na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, dois membros do PDT deixaram claros os contornos dessa cisão. Pedro Taques (PDT-MT) defendeu o afastamento por motivos políticos, e não jurídicos, já que não se comprovou qualquer crime ou infração praticados por Lupi. Acir Gurgacz (PDT-RO) defendeu a permanência do ministro.

Critovam Buarque (PDT-DF) foi na mesma linha de Taques, ao defender que, além da demissão de Lupi, o PDT deveria entregar o ministro, quer dizer, não indicar substituto. “A ideia seria o PDT ‘apear’ e não indicar ninguém, mas sem ir para a oposição. Talvez essa seja uma solução. A saída permitiria nos reaglutinar na busca de uma identidade que está um pouco perdida.”

O presidente em exercício do PDT, deputado André Figueiredo (CE), preferiu dizer que os integrantes do partido têm confiança no ministro do Trabalho. “A confiança no ministro Lupi, em nenhum momento, foi colocada em questão”, disse. Mas “há posições isoladas” pedindo a saída de Lupi. “O PDT ainda não tem uma posição formal a respeito disso”, completou.

Não há reunião prevista para discutir o tema. No último encontro de lideranças do partido, deputados deram apoio ao ministro e disseram que tinham confiança em suas explicações.

Na mira

A suspeita que paira sobre o Ministério do Trabalho é de que haveria um esquema de cobrança de propina envolvendo convênios com ONGs e a pasta. No mesmo dia em que a acusação foi publicada, no início do mês, Lupi divulgou nota na qual informou o afastamento do assessor especial e coordenador-geral de Qualificação, Anderson Alexandre dos Santos, e o pedido de providências para investigar o caso. O ministro manteve ainda a linha de desqualificar as organizações ouvidas.

Novos elementos foram divulgados nesta semana, incluindo um voo em avião particular de Adair Meira, que preside três ONGs envolvidas em convênios suspeitos. Como ele havia negado a prática, fotos e vídeos de um embarque em 2009 na aeronave em questão. Lupi agora afirma que o erro foi de Ezequiel Nascimento, ex-secretário do ministério.

Lupi esteve em pelo menos duas reuniões com Dilma Rousseff desde a eclosão das denúncias. Embora a presidenta tenha negado a existência de uma crise, as informações são de que ela pediu o esclarecimento rápido das acusações.

Desde o início Lupi rechaça a hipótese de ser “a bola da vez” na investida da velha mídia contra ministros do governo Dilma. Desde junho, seis membros do primeiro escalão da gestão deixaram seus postos – cinco deles após acusações de corrupção ou irregularidades envolvendo as pastas por eles comandadas.

Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Dias (Esporte) caíram nesse contexto. Nelson Jobim (Defesa) foi o único a deixar o posto por desgaste político. Uma reforma ministerial é esperada para o início de 2012, em função das eleições municipais e de eventuais insatisfações de Dilma com a condução do governo.

A decisão de ir ao Congresso Nacional apresentar esclarecimentos sobre as acusações que cercam o ministério segue o roteiro de outros dos ministros acusados, que terminaram por cair. Rossi, Novais e Orlando Silva compareceram diante de deputados, mas acabaram por deixar o governo. Nascimento chegou a agendar sua ida, mas renunciou antes e faltou à audiência.

Com informações da Agência Brasil e Agência Senado