Lupi irá ao Senado nesta quinta a convite de senadores governistas

Imagens do ministro em avião particular de presidente de ONG são combustível para oposição pressionar pela sétima queda no governo Dilma

O centro da sessão deve ser o uso de um avião particular, em 2009, para viagem ao interior do Maranhão (Foto: Marcello Casal Junior/ Arquivo Agência Brasil)

São Paulo – Carlos Lupi, ministro do Trabalho e Emprego, enfrenta novo depoimento no Congresso Nacional para responder a acusações de tráfico de influência e suspeitas de irregularidades em convênios da pasta com ONGs. Nesta quinta-feira (17), às 9h30, ele vai à reunião da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. O requerimento para o convite teve apoio de quatro senadores governistas. Deputados pressionam para aprovar um novo convite na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.

Além do oposicionista Alvaro Dias (PSDB-PR),  os quatro membros base aliada do governo Dilma Rousseff que endossaram o convite foram Ana Amélia (PP-RS),  Eduardo Suplicy (PT-SP), Ana Rita (PT-ES) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Declarações de lideranças do PT já sugerem que Lupi caminha para uma posição delicada, que pode torná-lo o sétimo ministro a cair no governo da presidenta Dilma Rousseff.

O centro da sessão deve ser o uso de um avião particular, em 2009, para viagem ao interior do Maranhão. Reportagem da revista Veja desta semana e imagens divulgadas por diferentes veículos indicam que Lupi teria viajado em aeronave providencida por Adair Meira, que preside três ONGs com contratos com irregularidades com a pasta.

No depoimento na Câmara na semana passada, o ministro negou conhecer Adair Meira. O pivô do caso teria intermediado o empréstimo de um avião para Lupi ir ao Maranhão em dezembro de 2009. A viagem, negada pelo ministro, foi confirmada por Ezequiel Nascimento, ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego do ministério. Suplicy defendeu sua posição por considerar que Lupi é o “maior interessado” em ver as suspeitas esclarecidas.

Na Câmara, o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), prometeu apresentar requerimentos para levar Lupi à Casa, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. A expectativa é fazer a proposta avançar ainda nesta quarta-feira (16).

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara, avisou que o governo não trabalha para barrar a convocação de ministros. “O que a comissão resolver está resolvido”, afirmou.

Na mira

A suspeita que paira sobre o Ministério do Trabalho é de que haveria um esquema de cobrança de propina envolvendo convênios com ONGs e a pasta. No mesmo dia em que a acusação foi publicada, no início do mês, Lupi divulgou nota na qual informou o afastamento do assessor especial e coordenador-geral de Qualificação, Anderson Alexandre dos Santos, e o pedido de providências para investigar o caso. O ministro manteve ainda a linha de desqualificar as organizações ouvidas.

Ele rechaçou a hipótese de ser “a bola da vez” na investida da velha mídia contra ministros do governo Dilma. Desde junho, seis membros do primeiro escalão da gestão deixaram seus postos – cinco deles após acusações de corrupção ou irregularidades envolvendo as pastas por eles comandadas.

Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Dias (Esporte) caíram nesse contexto. Nelson Jobim (Defesa) foi o único a deixar o posto por desgaste político. Uma reforma ministerial é esperada para o início de 2012, em função das eleições municipais e de eventuais insatisfações de Dilma com a condução do governo.

A decisão de ir ao Congresso Nacional apresentar esclarecimentos sobre as acusações que cercam o ministério segue o roteiro de outros dos ministros acusados, que terminaram por cair. Rossi, Novais e Orlando Silva compareceram diante de deputados, mas acabaram por deixar o governo. Nascimento chegou a agendar sua ida, mas renunciou antes e faltou à audiência.

Com informações das agências Brasil, Câmara e Senado

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