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‘Momento é de articulação e rearticulação no campo progressista’, diz Vannuchi

Comentarista aposta na aproximação entre governo, partidos, centrais sindicais e movimentos sociais em prol de agenda positiva e democrática, mas destaca 'equação complicada' frente ao ajuste fiscal

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Para Vannuchi, Lula é o grande polo articulador capaz de unificar posições dentro do campo progressista

São Paulo – O momento atual é de “articulação e rearticulação” das forças políticas que apoiam o projeto liderado por Lula, e continuado por Dilma, que nos últimos anos registrou “grandes avanços”, apesar dos problemas conjunturais que o país enfrenta com o ajuste fiscal, disse o analista político da Rádio Brasil Atual Paulo Vannuchi.

O comentarista lembrou também os 51 anos da ditadura civil-militar no país: “Péssima ideia que alguns segmentos que vão para as ruas protestar contra Dilma não têm vergonha de propor e pedir; não quer dizer que todos os manifestantes de oposição a Dilma queiram a ditadura, mas há uma parte muito estridente que realmente comete o desplante, a indecência, de pedir por ódio, repressão, ditadura, censura, assassinatos, que são os ingredientes necessários de qualquer ditadura”.

Como uma das iniciativas da rearticulação de forças no campo progressista, o comentarista destaca, nesta terça-feira (31), o ato do Dia Nacional de Mobilização, cujo slogan é “Democracia sempre mais, ditadura nunca mais”. A manifestação começa às 18h na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, no centro da capital (rua Tabatinguera, 192), com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem Vannuchi classifica como “grande polo articulador”, capaz de “unificar posições” dentro do campo progressista.

O ato também reúne representantes da CUT, CTB, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional dos Estudantes (UNE), além de inúmeras entidades e representantes da sociedade civil.

“A aposta é articular. Articular em uma equação política que não é nem um pouco fácil”, afirma Vannuchi, que ecoa o editorial publicado pelo jornal Brasil de Fato, que diz que “Nunca foi tão imprescindível defender o governo Dilma” e “Nunca foi tão necessário lutar contra medidas do governo Dilma”.

O analista diz que essa é uma equação complicada porque a militância tem que “fazer duas coisas praticamente opostas, ao mesmo tempo: defender a democracia, defender Dilma, defender o voto popular contra as tentações golpistas, e, ao mesmo tempo, questionar duramente os equívocos de atuação.”

“A classe trabalhadora e o pensamento verdadeiramente democrático sabe que a democracia está sob risco, ameaçada por articulações pró-impeachment etc”, frisa o analista.

Vannuchi comemora a indicação do filósofo Renato Janine Ribeiro para o Ministério da Educação, a quem classifica como “um dos grandes teóricos brasileiros sobre a democracia e os direitos humanos, sobretudo a ética na política”, e de Edinho Silva para a secretaria de Comunicação da Presidência. Para ele, a Secom tem a importante missão de reordenar as verbas publicitárias do governo, privilegiando veículos de comunicação de menor porte, de âmbito local, e a blogosfera, em detrimento dos grandes grupos tradicionais, visando a fortalecer a liberdade de imprensa, o exercício do contraditório e pelo fim do pensamento único.

O comentarista diz que o acerto na indicação desses nomes pode sugerir que o governo está “se tornando mais sensível” e “começando a entender a necessidade de diálogo”. Vannuchi destaca, ainda, que deverão ser retomadas as conferências temáticas nas áreas de saúde, educação, direitos humanos, direitos das mulheres, igualdade racial, dentre outras, que tiveram o seu apogeu durante o governo Lula e “desaqueceram” posteriormente.

Ouça o comentário completo da Rádio Brasil Atual: