Para Vannuchi, discordância entre Temer e Dilma mostra conflito político ‘com clareza’

Reforma política

Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Para Vannuchi, é preciso acompanhar forças políticas e sociais para ver se projeto político de Dilma terá apoio

São Paulo – Para o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Paulo Vannuchi, o desentendimento entre Michel Temer e Dilma Rouseff sobre a reforma política evidencia o “conflito político” existente na política brasileira hoje. Ontem (4), o vice-presidente recuou e desmentiu a informação, dada no mesmo dia, de que a reforma política não poderá ser feita para valer já nas eleições de 2014.

Na avaliação de Vannuchi, a presidenta está atendendo ao “clamor” do povo presente nas ruas, assumindo o protesto e transferindo para o Legislativo uma parte “enorme” da pressão. “O PMDB, com a sua grande bancada no poder Legislativo, se sente pressionado pela presidenta. Uma parte enorme da pressão popular não é contra problemas da gestão Dilma, que existem, mas conta o descalabro de atitudes parlamentares, envolvidos em desvios e problemas”, diz.

Para o cientista político, as recentes manifestações tiraram uma espécie de “véu” que cobria o conflito social resultante da desigualdade que distancia os mais ricos e os mais pobres e que, embora diminuída durante o governo Lula, ainda caracteriza a realidade brasileira. “O governo Lula foi voltado aos mais pobres, para melhorar a situação social grave, e de muito diálogo, inclusive com o empresariado. Isso fez com que, em dez anos, parecesse que esse conflito estivesse amortecido, mas ele segue existindo.”

Vannuchi ressalta que as divergências fazem parte da democracia e que a política é a ação que busca a “convivência da sociedade” em torno de regras. “Dilma reagiu e ofereceu propostas. Se há tanto descontentamento, acabamos ou reformamos a política para melhorar? Temos de acompanhar como as forças políticas e sociais vão atuar nos próximos dias e se serão canalizadas mais favoravelmente ao seu projeto político.”

Ouça a reportagem completa na Rádio Brasil Atual.