Para presidente de CPMI, núcleo de quadrilha de Cachoeira nasceu em Goiás

Vital do Rêgo reage a afirmação do PSDB de que apuração é direcionada ao governador tucano Marconi Perillo

Para Vital do Rêgo, a presidência e a relatoria da CPMI do Cachoeira têm trabalhado de forma reta e isenta (Foto: José Cruz/ABr)

São Paulo – O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou durante uma entrevista de balanço dos primeiros meses de trabalho que está comprovado que a quadrilha do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Cachoeira, tinha como núcleo Goiás. A afirmação foi feita para rebater a visão difundida pelo PSDB de que o colegiado tem como objetivo atingir o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, acusado de envolvimento com o grupo. 

“Não há direcionamento no trabalho. Respondo pela presidência e ela tem agido de forma reta, isenta e não tem recebido nenhum tipo de ataque. Os ataques [do PSDB] são políticos e respeitamos as decisões políticas”, argumentou Vital. “O plano de trabalho tem sido cumprido fielmente pelo relator, com absoluta isenção. Ele é atacado num contexto em que a geografia política do fato determinado se impõe. É fato que a organização criminosa se desenvolveu no estado de Goiás e o núcleo é no estado de Goiás.”

Esta semana, novas denúncias mostraram a relação entre a construtora Delta, o governador e Cachoeira, a quem Perillo vendeu uma casa. O vice-presidente da CPMI, Paulo Teixeira (PT-SP), afirmou já haver provas suficientes para solicitar o indiciamento do político tucano, mas não há consenso sobre a possibilidade de que ele seja novamente convocado a depor. 

Perguntado sobre as convocações do ex-dono da Delta Construções, o empresário Fernando Cavendish; do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot; e da reconvocação de Marconi Perillo, Vital do Rêgo disse que todos os requerimentos têm o mesmo peso e que caberá ao plenário decidir. “Todos os requerimentos são dados e tratados da mesma forma, não tem requerimento prioritário. Começamos a preparar o calendário de agosto e o calendário será divulgado na próxima semana. Posso adiantar que está marcada reunião administrativa para o dia 15 de agosto”.

Segundo consta do balanço da comissão, foram chamadas 24 pessoas para serem ouvidas, sendo que nove prestaram depoimentos integrais, duas parciais e outras 13 não se manifestaram. Dos 715 requerimentos apresentados nas sete reuniões administrativas, 480 foram aprovados, cinco rejeitados e outros cinco retirados pelos autores. Os demais serão apreciados na volta do recesso.

A CPMI solicitou 82 transferências de informações bancárias sigilosas, 80 de dados fiscais e 78de registros telefônicos, alcançando tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Até ontem (17), segundo o balanço da CPMI, a comissão recebeu 384 informações bancárias, 58 fiscais e 374 telefônicas.

O presidente da CPMI elogiou a agilidade do Banco Central e da Receita Federal no envio de informações. Ontem, tucanos acusaram os dois órgãos de estarem agindo politicamente e enviando dados de forma seletiva. “Deve-se destacar que o recebimento das informações bancárias mostrou-se ágil e satisfatório graças aos esforços do Banco Central, que demonstrou sua eficiência na fiscalização do sistema bancário brasileiro”, disse Vital.

Em relação ao envio dos dados telefônicos sigilosos, o senador criticou as operadoras de telefonia e também a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). “Quanto às informações telefônicas, muitas têm sido as dificuldades. O modelo de controle da atuação das operadoras telefônicas ainda não é plenamente eficaz no que se refere à obtenção de dados”.

Com informações da Agência Senado.