Novas legendas

Organizadores do partido de Paulinho da Força esperam contar com 30 deputados

Antes de ser criada, nova legenda já tem diretórios em 14 estados e seu presidente diz que em São Paulo será um 'estrondo'. Entre os sondados estão Cid Gomes e ACM Neto

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados

Deputado do PDT não fala sobre o partido do qual é a principal liderança

São Paulo – Os organizadores do Solidariedade, partido cuja principal liderança é o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, esperam que na próxima terça-feira (17) o pedido de registro da nova legenda seja concedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

“As certidões já foram referendadas pela contagem do ministro relator no tribunal, Henrique Neves”, garante o advogado Marcílio Duarte, presidente da legenda, pelo menos “por enquanto”. “O pedido está na pauta [do TSE]. Só estamos aguardando que os ministros levem para a mesa, para o julgamento. Temos absoluta certeza que vamos ter o registro na terça-feira que vem, a menos que haja alguma alteração da pauta do tribunal.” Segundo ele, o Solidariedade já conta com 519 mil assinaturas, 27 mil a mais do que as 492 mil exigidas legalmente.

Apesar da confiança, uma aura de mistério envolve a legenda. Considerado sua principal liderança, o deputado Paulinho da Força diz que não comenta o assunto. “Não estou falando sobre isso”, disse à reportagem. “Não vou falar, se for isso [o motivo do telefonema] vou desligar”, acrescentou, diante da insistência.  Porém, ele foi um dos que participaram das muitas reuniões feitas nas últimas semanas para discutir articulações da legenda em formação.

Estima-se que entre 30 e 40 deputados federais poderiam migrar para a nova agremiação. O partido que mais “cederia” parlamentares ao Solidariedade seria o PDT de Paulinho, que tem 26 deputados na Câmara.

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Mas a legenda tem despertado interesse de membros de outros partidos. Segundo a imprensa baiana, por exemplo, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), foi a Brasília conversar com Paulinho no início do mês, especificamente sobre a formação do Solidariedade. O problema, nesse caso, é que o prefeito da Bahia, ainda de acordo com jornais baianos, teria postulado o controle da legenda no estado a favor do seu aliado Bruno Reis, deputado estadual, ex-PRP e atualmente sem partido. A investida de ACM Neto, num primeiro momento, naufragou. O deputado federal Marcos Medrado (PDT), também da Bahia, é dado como certo no novo partido.

Almoços e conversas

No dia 3 de setembro, a imprensa noticiou um almoço do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), com Paulinho. O deputado e presidente da Força Sindical teria oferecido a Gomes a indicação para o comando do Solidariedade no estado. Cid Gomes estaria disposto a deixar o PSB após entrar em rota de colisão com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, por divergências quanto a 2014. O motivo: a tentativa de Campos de se cacifar para conseguir a candidatura à presidência da República, que, para Cid Gomes, foi prematura. O governador do Ceará apoia Dilma Rousseff, o que parece tornar inverossímil a possibilidade de ele migrar para o Solidariedade. Paulinho deve apoiar a provável candidatura do senador Aécio Neves (PSDB).

Sobre nomes e número de deputados que o partido atrairá, Marcílio Duarte despista. “É especulação. Quais vêm, quantos serão, isso tudo é relativo, em razão da situação deles no momento e da concessão do registro. Nós falamos com todos os deputados de todos os partidos. Estamos com um leque enorme de contatos e conversas.”

Segundo Marcílio Duarte, o Solidariedade tem diretórios instalados em 14 estados, cinco a mais do que exigido por lei, a maioria no Norte e Nordeste. Mas ainda não em São Paulo. No entanto, ele diz que, quando o diretório se instalar na maior unidade da federação, “vai ser um estrondo, porque vamos estar em 350 municípios”.

Duarte explica que não pode citar os deputados que vão desembarcar no partido por uma questão estratégica. “Tem uma guerra do PDT e outros contra nós, só porque eles supõem que vamos ter uma migração significativa. Imagine se falarmos o que realmente conquistamos”, explica.