8 de janeiro

MP-TCU investiga se PL ajudou a financiar tentativa de golpe

Subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU pediu o bloqueio de R$ 27,2 milhões para eventual ressarcimento dos danos às sedes dos três poderes

Divulgação/PL
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Investigações da PF indicam que a estrutura do PL foi usada para financiar tentativa de golpe

São Paulo – O Ministério Público (MP) junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu ao órgão para investigar se o PL financiou a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro do ano passado. O subprocurador-geral do MP-TCU, Lucas Furtado, enviou nesta terça-feira (19) uma representação solicitando que o partido do ex-presidente vire réu em ação que cobra R$ 100 milhões dos financiadores dos atos que culminaram com a depredação das sedes dos três poderes.

Na representação, Furtado ainda pede o bloqueio de R$ 27,2 milhões da legenda comandada pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto. O valor, segundo o subprocurador, se refere à estimativa dos prejuízos causados durante o quebra-quebra.

Ele aponta que desdobramento das operações Lesa Pátria e Tempus Veritatis indicam que a estrutura do partido foi usada para financiar a tentativa de golpe. Os policiais apuram crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado e dano de patrimônio tombado. E Valdemar aparece na lista de investigados.

Rastros do golpe

Furtado cita, por exemplo, a ação protocolada pelo PL no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para questionar o resultado das eleições. Do mesmo modo, menciona matéria do jornal O Globo que liga o partido ao financiamento dos “kids pretos“. O termo faz referência à membros da tropa de elite do Exército, que teriam coordenado os atos de 8 de janeiro.

Em seu último depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid envolvou o general Braga Netto na trama. Disse que o então ministro, candidato a vice de Bolsonaro, o orientou a procurar o PL para bancar a ida “de um pessoal” para Brasília.

Além disso, a PF encontrou na sede do PL uma cópia da “minuta do golpe”. O documento previa a decretação de estado de sítio, com o fechamento do TSE. Incluía também a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do TSE e do STF.

Para o subprocurador, é “descabido” que o PL destine recursos, compostos majoritariamente de dinheiro público, para apoiar um golpe de Estado. “Essa situação é violação direta e mortal do princípio da moralidade administrativa, constituindo-se em flagrante desvio de finalidade do uso dos recursos públicos destinados aos partidos políticos.” Agora caberá ao ministro Bruno Dantas, presidente do TCU, decidir se acata ou não a representação.


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