delator

Moraes nega a Bolsonaro acesso ao depoimento de Cid

Negativa do ministro se deu em função do acordo de delação premiada de Mauro Cid, homologado no último sábado

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
Advogado diz que Cid vai contar todos os "fatos que viveu" com Bolsonaro

São Paulo – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro o acesso ao depoimento prestado pelo tenente-coronel Mauro Cid, no inquérito que apura o desvio de joias e presentes de governos estrangeiros. A informação, divulgada nesta segunda-feira (11), é da jornalista Julia Dualibi, da Globonews.

A negativa de Moraes se deu em função do acordo de delação premiada de Cid, que o próprio ministro homologou no último sábado. Isso porque os investigadores agora trabalham para checar as informações repassadas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

No mesmo dia, os advogados do casal Bolsonaro pediram acesso a todos os depoimentos prestados no dia 31 de agosto. Na ocasião, Bolsonaro e Michelle, além do advogado Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, ficaram em silêncio. Mauro Cid, por outro lado, falou por quase nove horas.

Além dele, seu pai, o general Mauro Lourena Cid, o tenente Osmar Crivelatti, ex-assessor da Presidência da República, e o advogado Frederick Wassef resolveram falar. A decisão de Moraes liberou o acesso ao depoimento dos três à defesa de Bolsonaro.

Cid vai contar tudo o que sabe

Em entrevista à jornalista Andréia Sadi, também da Globonews, o advogado Cezar Bitencourt, defensor de Mauro Cid, afirmou que o cliente vai contar todos os “fatos que viveu com Bolsonaro”. “É o compromisso dele com a delação homologada”, afirmou Bitencourt, acrescentando que Cid tem “muito o que falar”.

No entanto, ele disse que não se trata de incriminar o ex-presidente. Mas ressaltou que quem decide os crimes são as autoridades. “Não se trata de incriminar A ou B, ele vai contar todos os fatos que viveu com Bolsonaro que lhe perguntarem. Quem vai decidir se é crime são as autoridades”, disse o advogado.

Com a delação, Cid não tem mais direito de permanecer em silêncio e deve entregar novos elementos que contribuam com as investigações. Na decisão, Moraes concedeu liberdade provisória a Cid, mas determinou o cumprimento de uma série de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, limitação de sair de casa aos finais de semana e também à noite, e afastamento das funções do Exército.

Envolvido na fraude da vacina pede liberdade

Após a soltura de Cid, a defesa do sargento Sérgio Cordeiro Rocha, ex-segurança de Bolsonaro, pediu a liberdade provisória ao STF. Além de Mauro Cid, o ex-assessor Max Guilherme Machado de Moura, que foi preso junto de Sérgio Rocha, também foi solto por Moraes e submetido a medidas cautelares.

Nesse sentido, os advogados do sargento querem a extensão do benefício. E citam decisão de Moraes que afirmou que não havia razão para a prisão preventiva de Cid e Max, uma vez que a Polícia Federal (PF) concluiu diligências e os investigados estavam proibidos de manter qualquer tipo de comunicação. Os três foram presos em maio, sob a acusação de envolvimento com um esquema de fraude nos cartões de vacinação da covid-19.


Leia também


Últimas notícias