Ministro da Cultura rebate declarações de Serra

Candidato do PSDB criticou, em evento com artistas, a condução da Lei Rouanet e a reforma da Lei de Direitos Autorais

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, rebate as acusações recebidas (Foto: Marcello Casal Jr/ABr)

O Ministro da Cultura, Juca Ferreira, criticou as afirmações de terça-feira (21) do candidato do PSDB, José Serra. “Lamento que a cultura entre no debate eleitoral por meio de chavões e inverdades”, escreveu em nota oficial.

Durante encontro com artistas em livraria, na capital paulista, o tucano criticou o tratamento dado pelo Ministério à lei Rouanet, principalmente ao fato de serem concedidas verbas a espetáculos que não precisariam de incentivo, Serra exemplificou citando o Cirque du Soleil. “Foram justamente casos como os do Cirque du Soleil que fizeram o Ministério da Cultura enviar ao Congresso Nacional uma reforma da legislação”, destaca o Ministro na nota.

Serra também comentou  o projeto do governo federal que pretende modificar a estrutura da lei de direitos autorais, que classifica como “estatizante”.

Na nota, o ministro Ferreira negou que o governo pretende a estatização da Ecad e lembrou que o projeto de lei para a modernização do Direito Autoral foi “amplamente debatido pela imprensa e pelo setor cultural e aumenta a transparência do sistema de arrecadação no Brasil”.

Leia a nota na íntegra.

Como Ministro da Cultura, lamento que a cultura entre no debate eleitoral por meio de chavões e inverdades, não como a prioridade estratégica que a sociedade brasileira vem conquistando, inclusive em termos orçamentários.

O orçamento da cultura no governo federal saltou de R$ 287 milhões, em 2003, para R$ 2,2 bilhões, em 2010. O salto de quase dez vezes atesta a importância que a cultura tem para o governo Lula. A própria renúncia fiscal saiu de R$ 400 milhões para mais de R$ 1 bilhão. Os recursos são, hoje, distribuídos para o Brasil inteiro, sem discriminação de regiões, de orientação artística ou ideológica, e na mais absoluta liberdade de expressão. Nunca fomos tão livres como nesses anos, e eu me orgulho, como Ministro, de ter contribuído para esse nível de liberdade. Trabalhamos com todas as prefeituras e governos estaduais. A própria Bienal de São Paulo teve uma forte contribuição do Ministério da Cultura, e sem ela talvez o evento não teria recuperado sua grandeza.

O projeto de lei para modernização do Direito Autoral, amplamente debatido pela imprensa e pelo setor cultural, aumenta a transparência do sistema de arrecadação no Brasil. A suposta estatização do Ecad não existe no projeto e é apenas uma leitura marota.

Em relação à Lei Rouanet, é notório que foram justamente casos como os do Cirque du Soleil que fizeram o Ministério da Cultura enviar ao Congresso Nacional uma reforma da legislação, criando critérios públicos de avaliação dos projetos, o que inexiste na lei atual.

Se houver disposição de compreender estes avanços, basta comparar qualquer aspecto da política cultural do governo Lula com a do governo anterior.

A agenda cultural é fundamental para a qualidade de vida das pessoas e para o desenvolvimento do País. Não há qualquer contribuição à cultura quando o tema é tratado dessa forma, pois pouco contribui para consolidar as grandes conquistas do setor cultural nos últimos anos. Não contribui para avançar, e pode até mesmo ajudar a rebaixar a importância da cultura nesse momento de definição das políticas dos próximos anos. É lamentável que um candidato ao cargo máximo do país trate a cultura de maneira tão superficial e sectária.

Juca Ferreira
Ministro de Estado da Cultura