Movimento antivacina

Ministério confirma: vacina não causou reação como o governo esperava

A torcida foi grande: Jair Bolsonaro telefonou para a família da menina de Lençóis Paulista, que teria tido parada cardíaca por causa da vacina, e ministros foram visitá-la

Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Quase dois anos de pandemia, mais de 625 mil mortos e 23 milhões de casos, não há notícia de que integrantes do governo, nem Jair Bolsonaro, tenham visitado um doente ou famílias enlutadas

São Paulo – O Ministério da Saúde confirmou hoje (21) que a parada cardíaca sofrida pela criança de 10 anos de Lençóis Paulista não foi uma reação causada pela vacina da Pfizer. A menina havia sido vacinada 12 horas antes. A pasta reiterou análises feitas pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, que na quinta-feira (20) descartou a relação.

“O evento adverso pós-vacinação foi descartado”, informou a Saúde. “A síndrome de Wolff-Parkinson-White, até então não diagnosticada e desconhecida pela família, levou a criança a ter uma crise de taquicardia, que resultou em instabilidade hemodinâmica”, acatou o Ministério, citando investigação do governo paulista.

O laudo final deve por uma pá de cal no caso que o governo de Jair Bolsonaro quis transformar em mais uma bandeira de seu movimento antivacina. E em busca de apoiadores nesse grupo. A expectativa foi tamanha que o presidente chegou a telefonar para a família da menina na manhã dessa quinta-feira, prestando solidariedade.

Sem sentimento

Depois de quase dois anos de pandemia, não há notícia de que Bolsonaro tenha manifestado sentimento por qualquer doente de covid. Nem pelos mais de 625 mil mortos e 23 milhões de casos de covid-19. Ou que tenha telefonado para algum familiar que chore a perda de um ente querido.

Após o telefonema presidencial, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga viajou à cidade de Lençóis Paulista. Lá visitou a menina, a família, o prefeito, o secretário de Saúde e os médicos que a atenderam. O ministro é cardiologista e tem impeachment pedido pelos médicos do estado do Rio de Janeiro e pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI). A acusação é de crime de responsabilidade por atrasar a vacinação.

Queiroga viajou em companhia da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves. Inclusive ela, até onde se sabe, não visita famílias enlutadas para levar conforto. É bom lembrar também que ambos têm interesses eleitoreiros.

Os detalhes dessa história são contados pela ministra. Confira.


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