Mudanças

Líder metalúrgico do ABC aposta no diálogo pela governabilidade e debate nova política industrial

Presidente do sindicato, que se reuniu com Lula e Simone Tebet em Brasília, aposta na “reconstrução” do país: “O povo escolheu um projeto”, diz Moisés Selerges

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Moisés e Lula no Planalto: diferença "flagrante" de governo

São Paulo – Na semana passada, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, esteve em Brasília para uma série e atividade, incluindo audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, o governo caminha no sentido da “reconstrução” do país, com participação dos trabalhadores nos espaços de decisão. O dirigente fala em certa “ansiedade” em relação a uma política industrial, mas demonstra otimismo no diálogo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. “Nossa direção está participando desse debate. Está avançando”, afirma Moisés.

Segundo o dirigente, os representantes dos trabalhadores talvez esperassem uma “velocidade maior” nessa discussão, mas as conversas estão progredindo. “Sabemos que as pessoas que estão lá (MDIC) são capacitadas. É ter um pouco de paciências para que as coisas de fato aconteçam”, comenta. Ele lembra que há outras conversas em andamento, com, por exemplo, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), sobre a chamada indústria verde.

Além da fábrica

Além dele, o presidente do sindicato esteve com a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento). Moisés afirma que a relação dos trabalhadores com o ministros é necessário porque o sindicato deve representar a categoria não apenas nos locais de trabalho, mas “além da fábrica”, discutindo políticas nas diversas áreas.

Nestes primeiros 70 dias de governo, o dirigente considera “flagrante” a diferença em relação à gestão anterior, citando iniciativas como a retomada dos programas Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família, entre outros, além da correção da tabela do Imposto de Renda (“Teve um início, temos que avançar mais”) e do combate à fome. E da escolha de ministros “comprometidos com a reconstrução do país”. Quanto à presença no governo de ministros ligados a diversos partidos, Moisés observa que “governabilidade se faz todos os dias”.

“Reforma” trabalhista

Em relação a uma possível revisão da “reforma” trabalhista, o metalúrgico lembra que a entidade discorda volta do imposto sindical – também já negada por representantes do governo. E defende a regulamentação do trabalho em aplicativos. “Eu, particularmente, acho que a questão do trabalho intermitente é algo complicadíssimo.” Mas esses temas, observa, requerem debates em grupo de trabalho em busca de consenso.

Da mesma forma, ele acredita que o governo tem que se relacionar com o Congresso, de maioria oposicionista, buscando entendimentos. “A política é a arte do diálogo. De fato, o parlamento é conservador, mas quero crer que o diálogo é fundamental para que a gente possa implementar o projeto que interessa à classe trabalhadora. E uma questão fundamental é que o nosso projeto foi eleito pelo povo brasileiro. Se ele foi eleito, é porque o povo pede mudanças. E o Congresso também, penso eu, tem clareza disso”, afirma Moisés.

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