Cinco anos sem justiça

Movimentos realizam ato para exigir rapidez na investigação do assassinato de Marielle

Manifestação em São Paulo será em frente à sede da PF, na Água Branca, a partir de 8h desta terça-feira. À noite, o VJ Alexis Anastasiou projetará a imagem de Marielle em fachada de edifício na Avenida Paulista

Renan Olaz / Câmara Municipal do Rio
Renan Olaz / Câmara Municipal do Rio
Marielle: parceria entre a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para desvendar o assassinato

São Paulo – Movimentos realizam nesta terça-feira (14), às 8h, manifestação em São Paulo, em frente à Polícia Federal (PF), localizada na Água Branca, zona oeste, para exigir rapidez na investigação do caso Marielle Franco. O protesto marca os cinco anos do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e do motorista Anderson Gomes.

A intervenção está sendo organizada pelo Movimento Pretas, encabeçado pela deputada estadual Monica Seixas (Psol) , reeleita para a Assembleia Legislativa de São Paulo, e pelo Juntas, um coletivo nacional de mulheres feministas e antirracistas. O ato contará com a presença da própria deputada e da vereadora paulistana Luana Alves.

O ministro da Justiça, Flavio Dino, anunciou em 16 de fevereiro uma intensificação na parceria entre a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para desvendar o assassinato. O movimento vê, nessa ação, uma possibilidade mais concreta de avanço da investigação, já que ao longo dos últimos anos houve diversas trocas de delegado responsável pelo caso, inclusive, um deles com acusações de vazamento de informações sigilosas.

“Cinco anos sem respostas sobre o Caso Marielle é tempo demais. Se vivemos de fato em uma democracia, é possível que esse crime que vitimou cruelmente uma vereadora negra continue impune. Exigimos rapidez nas respostas”, afirma Ana Laura, codeputada estadual eleita pelo Movimento Pretas (Psol).

A deputada estadual Monica Seixas encabeça o Movimento Pretas, um projeto que conta com sete mulheres negras. “O nosso formato nos permite uma atuação conjunta que vai para além das eleições, bem como nos mantém conectadas com nossos movimentos e pautas. Teremos um mandato popular e que seja uma escola de formação parlamentar para mulheres negras”, explica a parlamentar.

O intuito do coletivo é ratificar a presença de mulheres negras na política e com elas seguir priorizando as pautas e lutas dos grupos vulnerabilizados, seja por gênero, raça ou classe social. Além da deputada estadual, o coletivo conta com Ana Laura Cardoso, Karina Correia, Leticia Siqueira das Chagas, Najara Costa, Rose Soares e Poliana Nascimento, que já são lideranças femininas e políticas em diversas cidades.

Najara, por exemplo, foi candidata a prefeita em Taboão da Serra nas últimas eleições, sendo uma das mulheres mais votadas da história da cidade. Karina é suplente do mandato de vereança do Psol em Osasco, na região metropolitana. Rose, do coletivo ‘Juntas por Barueri’, terminou as últimas eleições em sétimo lugar. Ana Laura é chefe de gabinete do mandato da vereadora Luana Alves, além de militante de um dos maiores movimentos de educação popular do Brasil, a Rede Emancipa.

Já Poliana é professora da rede estadual, representante da Apeoesp, o sindicato dos professores da rede estadual. Letícia Chagas, apesar de ser a mais jovem, já conta com a experiência de ter sido a primeira presidente negra do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, um dos mais antigos do Brasil. Juntas, elas representam um grupo social que, apesar de majoritário na sociedade, ainda é subrepresentado nas casas legislativas, as mulheres negras.

Leia também: Mãe de Marielle visita memorial na EBC com tributo à vereadora assassinada há 5 anos

“Já somos um coletivo. Todas nós tomamos decisões em conjunto e priorizamos as mesmas pautas, que tem sempre a periferia como centro. Agora desejamos abrir mais espaço na Assembleia Legislativa e ampliar a presença de mulheres negras em um espaço predominantemente hetero, branco e machista. Um retrato disso é a violência política que a deputada Monica Seixas vem sofrendo, como quando dizem que colocarão cabresto em sua boca”, finaliza Luana Alves, que além de vereadora na cidade de São Paulo, é uma das coordenadoras do movimento.

Projeção na Av. Paulista

Na noite desta terça-feira, o VJ Alexis Anastasiou projetará a imagem de Marielle na fachada do Edifício Anchieta, na Avenida Paulista. A intervenção artística e política terá três horas de duração, entre 19h e 22h.

Anastasiou homenageará Marielle e também outros ativistas dos direitos humanos assassinados, como o ambientalista Chico Mendes, morto em 1988, a sindicalista Margarida Alves, morta em 1983, e Raimundo Nonato Silva de Oliveira, o Cacheado”, militante do MST morto em dezembro passado no Tocantins.

As imagens dos ativistas serão exibidas na fachada de 35 metros do Edifício Anchieta, que fica na esquina da rua da Consolação. Em outro prédio serão projetados nomes de mais de mil ativistas brasileiros assassinados. Anastasiou é fundador da produtora Visualfarm e é uma das pessoas por trás do Festival de Luzes de São Paulo.


Com agências e Veja