São Paulo – A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) cassou, por unanimidade, o ex-deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei (União Brasil). Foram 73 votos a zero, com número de abstenções igualmente nulo. Além de perder o mandato, o político ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL) também fica inelegível por oito anos.

O plenário da Casa aprovou a resolução do Conselho de Ética do dia 12 de abril, quando o colegiado aprovou, também por unanimidade, o fim do mandado do político. Para a finalidade, seriam necessários 48 dos 94 parlamentares. A aprovação aconteceu em sessão sumária, fora dos padrões da Casa.

A quebra de decoro foi constatada após vazamento de áudios do ex-parlamentar. Durante viagem à Ucrânia, que vive uma guerra contra a Rússia, Mamãe Falei enviou mensagens para amigos do MBL que indicaram a real natureza de sua viagem: sexual. Sob pretexto, já equivocado, de ajudar milícias locais na produção de coqueteis molotov, o político do MBL agiu de forma lasciva com mulheres refugiadas de guerra.

“Você nunca pode ir para cidades com as melhores baladas, tem que ir pra cidades normais. Você pega as minas no mercado, na padaria (…) As cidades mais pobres são as melhores (…) São quatro barreiras alfandegárias. Foram 12 policiais deusas, que você casa (…) E detalhe, elas olham. São fáceis, porque elas são pobres”, disse o ex-deputado. Mamãe Falei ainda lembrou que amigos do grupo de direita, que fizeram campanha a favor do presidente Jair Bolsonaro em 2018, já tinham viajado para o Leste Europeu para turismo sexual. “Tour de Blonde (sic)”, ou “turismo das loiras”, em tradução livre, como ele mesmo chamou.

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Repercussão

As redes sociais e políticos de diferentes espectros comemoraram a cassação. “Cafetão da miséria”, apontam internautas. “MamãeFalei foi punido por suas falas misóginas e dessa vez a Alesp deu um recado à altura. Não esqueça: o machismo pode te fazer perder o mandato! Tchau, querido”, disse a deputada estadual Isa Penna (Psol), que foi vítima de assédio sexual na Casa. Entretanto, seu assediador, Fernando Cury (União Brasil) não teve a mesma sorte de Mamãe Falei e não sofreu as sanções adequadas. “O processo pela punição certa para o meu caso segue na justiça, já que na Alesp…”, criticou Isa.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), que já foi vítima de violência em razão a menosprezo à condição de mulher pelo presidente Jair Bolsonaro (ele disse que ela não merecia ser estuprada por não merecer), também comemorou a cassação. “A Assembleia de São Paulo acaba de cassar o mandato de Arthur do Val. Não adiantou ter renunciado. Mamãe falei inelegível por 8 anos. Lição para os machistas q pensam poder se safar de seus malfeitos”, disse.