50 anos da usina

Lula dá posse a Enio Verri na direção de Itaipu e diz que acordo Brasil-Paraguai foi ‘civilizatório’

Lula encontrou Pamela Silva, viúva de Marcelo Arruda, e os filhos. Dirigente do PT em Foz do Iguaçu foi assassinado por bolsonarista no ano passado

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Companheiro de Pamela Silva foi assassinado por bolsonarista em sua festa de aniversário de 50 anos

São Paulo – O deputado federal Enio Verri (PT-PR) assumiu nesta quinta-feira (16) o cargo de diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional. A usina hidrelétrica em Foz do Iguaçu, no Rio Paraná, fronteira entre Brasil e Paraguai, foi inaugurada em 26 de maio de 1973. Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o paraguaio Mario Abdo Benítez estiveram no evento. Verri renunciou ao mandato de deputado federal pelo Paraná para assumir o posto, como determina o artigo 54 da Constituição Federal.

Segundo Lula, o acordo Brasil-Paraguai que permitiu a construção da usina foi civilizatório, “como se fosse, medidas as proporções, a construção de uma União Europeia”. Na cerimônia, ele encontrou e abraçou Pamela Silva, mulher do dirigente do PT Marcelo Arruda, e seus filhos. Marcelo foi assassinado em sua festa de aniversário de 50 anos pelo bolsonarista Jorge Guaranho, em julho de 2022. O assassino deve ir a júri popular ainda neste ano.

Lula disse que Verri assume a direção com a responsabilidade de não apenas dirigir o complexo de energia para colher resultados para Itaipu. “Mas, como representante do Brasil, ajudar o governo a resolver os problemas do povo brasileiro.”

O chefe de governo destacou que a importância política de Itaipu nos dias atuais deve ser vista sob ótica nova. “Hoje não conseguiríamos construir como foi feito na época. Naquele tempo não existia a visão de conservar o planeta como hoje, quando todos estão preocupados com o clima. Mas temos que tirar proveito do que representou Itaipu para os dois países”, disse.

Dívida quitada

O presidente também destacou o simbolismo do fim do pagamento de Itaipu. No dia 28 de fevereiro, a Itaipu Binacional quitou as últimas parcelas da dívida contraída para sua construção. O empreendimento, um dos maiores do mundo no setor, tornou-se amortizado. Os últimos pagamentos foram destinados à Eletrobras e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), somando US$ 115 milhões.

Verri frisou em seu discurso que, apesar de turbulências e crises políticas das cinco décadas de existência da usina, “nada abalou a aliança estratégica dos dois países”. Ele lembrou que Lula esteve no local em maio de 2007, ao lado do então presidente paraguaio, Nicanor Duarte, para inaugurar as duas últimas unidades geradoras, concluindo as 20 previstas no tratado.

Itaipu, universidades e setor produtivo

Verri disse ainda que, no comando da direção-geral do lado brasileiro da empresa, pensa em ampliar a atuação de Itaipu. Por exemplo, estreitando a relação com universidades e setor produtivo, dialogando com comunidades e municipalidades. Resgatar direitos dos povos originários na área de influência da usina.

Lula dirigiu-se ao presidente paraguaio para reafirmar o compromisso de fortalecer o Mercosul. “Porque já está provado que juntos temos forças para negociar, e separados somos frágeis.” O mandatário acrescentou a “firme vontade de reorganizar a Unasul” e destacou ainda a necessidade de que o continente deixe de ser pobre, em desenvolvimento. “Temos o direito de crescer”, disse.

Itaipu
Enio Verri assume a direção brasileira de Itaipu, cumprimentado pelos presidentes de Brasil e Paraguai (foto: Ricardo Stuckert/PR)