Políticas públicas

Lula defende papel do Estado no fomento a políticas para o esporte

Em encontro com personalidades da área, ex-presidente afirma ter “inveja” dos EUA, onde “em toda esquina tem uma quadra”. E se compromete com conferências de esporte e programas de inclusão

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Gustavo Araújo, Ana Moser, Casagrande, Isabel e Andrea Rosa falaram no evento com Lula

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta terça-feira (27), de encontro sobre políticas para o esporte, com a presença de várias personalidades do setor. O narrador Osmar Santos, o ex-pugilista Servílio de Oliveira e os ex-jogadores de futebol Juninho, Zé Elias, Vladimir e Casagrande, além do treinador Vanderlei Luxemburgo, estavam no encontro. Vários enviaram mensagens por vídeo – assista a íntegra do encontro. “Vocês nunca tiveram um presidente comprometido com o esporte como eu vou ser”, prometeu Lula. “Cobrem, se não a gente não faz”, pediu.

“É preciso mudar o conceito das escolas”, disse, propondo que as instituições tenham “múltipla funcionalidade”. As prefeituras, de acordo com ele, precisam dar alternativas públicas para as pessoas frequentarem, como quadras esportivas, piscinas e outros equipamentos nas cidades. O petista afirmou ter “inveja” dos Estados Unidos, país onde “toda esquina tem uma quadra de basquete”.

Ele defendeu que o esporte seja “instrumento para cuidar da saúde de uma parte da sociedade, uma coisa que garanta a segurança e a formação do ser humano”. Segundo ele, considerando que uma criança, da creche ao ensino fundamental, fica na escola por quase 14 anos, é preciso “pensar na iniciação esportiva para todos”.

O atleta paralímpico Gustavo Araújo, medalha de ouro do revezamento 4×100 na Olimpíada do Rio 2016, lembrou do programa Bolsa Esporte. A ex-jogadoras da seleção Ana Moser e Isabel, do vôlei, e Andrea Rosa, do futebol, também falaram da importância do Estado para fazer do esporte também ferramenta de inclusão.

Lula se comprometeu a convocar conferências do esporte municipais, estaduais e federal. “Se o Estado não intervir, não acontecerá. Um empresário não vai investir num atleta antes desse atleta provar que pode dar retorno financeiro. Por isso criamos o Bolsa Atleta.”

Duas realidades do futebol

Diante dos ex-atletas consagrados que participaram do evento, o petista comentou que “90% dos jogadores brasileiros não ganham nada”. A realidade da maioria do futebol brasileiro é essa, lembrou. “Mesmo os clubes grandes estão quase todos enforcados. Porque não conseguem financiar o mercado do futebol, que não é ditado por nós”, disse. Lula lamentou ainda a precoce perda de jovens jogadores brasileiros para os poderosos clubes estrangeiros, principalmente da Europa.

Ele também falou do “racismo mais violento (atualmente) do que tempos atrás”. “Não é possível que tenha gente que ainda queira construir uma supremacia branca”, disse. Segundo ele, o racismo é facilitado pelo telefone celular. “Embora seja uma coisa muito importante, esconde a cara do mau caratismo, a cara do bandido, do cara que tem preconceito.”

Legado e futuro

Coordenador da Comunicação da campanha de Lula e prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva afirmou que a proposta da campanha para o esporte é recuperar o legado do trabalho de gestões petistas passadas, “mas também sinalizar o futuro”. O esporte deve ser visto como instrumento de “inclusão social e educação complementar, política pública na construção da cidadania”, defendeu.

“Se estimularmos os talentos, eles virão. Esporte é a principal âncora do lazer no mundo”, disse Silva, mencionando o desmanche que o setor vem sofrendo no Brasil com o governo de Jair Bolsonaro.

Casagrande em momento de comoção: “Sócrates está aqui”. Assista