Assembleia Legislativa paulista ignorou a ‘Máfia do Asfalto’ em 2010, diz deputado
Esquema que veio à tona no mês passado, envolvendo obras públicas e emendas parlamentares, já era conhecido há três anos
Publicado 27/05/2013 - 14h13
Marcolino afirma que as suspeitas não são novas e que há três anos o PT tentou emplacar uma CPI para investigá-las
São Paulo – O governo do Estado de São Paulo e sua base na Assembleia Legislativa ignoraram, em 2010, as denúncias contra a chamada “Máfia do Asfalto”e o esquema de fraudes em obras públicas envolvendo prefeituras e emendas parlamentares.
O esquema veio à tona no começo de abril, com o desfecho da Operação Fratelli, do Ministério Público e da Polícia Federal. Mas o líder do PT na Assembleia, Luiz Claudio Marcolino, lembrou, em entrevista à Rádio Brasil Atual, que as suspeitas não são novas e que há três anos o partido tentou emplacar uma CPI para investigá-las.
“Em 2010 já tínhamos detectado que boa parte das obras eram irregulares, e pedimos a abertura da CPI, mas conseguimos só 30 assinaturas dos parlamentares da oposição. Voltam agora neste processo da máfia pessoas que já estavam envolvidas lá atrás, e percebemos agora os mesmo nomes, como o Delson Amador José, que era então superintendente do DER”, afirmou Marcolino.
A Operação Fratelli é conduzida pelo Ministério Público em parceria com a Polícia Federal e trouxe à tona supostas fraudes em contratos de pavimentação e recapeamento em 78 municípios da região noroeste do Estado de São Paulo, financiados com recursos de emendas parlamentares. Em abril, o MPF denunciou os 19 envolvidos, entre eles o empreiteiro Olívio Scamatti, apontado como chefe do esquema, batizado de “Máfia do Asfalto”. O valor dos desvios é estimado em R$ 1 bilhão.
“Se o Ministério Público tivesse apurado as denúncias que fizemos ainda em 2010 , se a CPI tivesse sido apresentada e concluída, já teríamos feito a apuração e talvez os responsáveis poderiam estar presos e o dinheiro devolvido. Por exemplo, talvez boa parte dos prefeitos eleitos no estado não teriam sido em 2012.”
Na semana passada, a bancada do PT voltou a coletar assinaturas para uma CPI sobre o tema. Para que o pedido de CPI seja protocolado na Mesa Diretora da Assembleia, são necessárias 32 assinaturas.