estado de exceção

Jornalistas duvidam que supremacia popular da direita dure muito tempo

Em debate sobre a imprensa e o golpe, promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, comunicadores criticam a ideia de que o país permanecerá refém dos conservadores

divulgação

Jornalistas debatem o papel da imprensa no golpe que está levando à suspensão das conquistas sociais no país

São Paulo – A preferência da população pela direita na luta política não deve se sustentar a médio ou longo prazo. Foi o que defenderam ontem (22) jornalistas ao participar de debate promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo. O jornalista do site Brasil 247 Paulo Moreira Leite afirmou que não acredita na hipótese de que a maioria da população brasileira mudou para o conservadorismo. Para ele, houve um desencanto com o segundo mandato do governo Dilma no início de 2015, que não apresentou propostas progressistas, caindo na história do ajuste fiscal.

Já Maria Inês Nassif comentou que não acredita na volta imediata do PSDB ao governo pelas urnas. Para ela, os tucanos só voltam a comandar o país se Temer for cassado pelo TSE e houver eleições indiretas. A jornalista disse ainda que o Partido dos Trabalhadores (PT) acordou tarde para a conspiração do golpe, não acreditando que a sua oposição pudesse derrubar o governo.

O jornalista Rodrigo Vianna lembrou, por sua vez, que os mesmos preceitos dos golpistas de hoje são os utilizados por Carlos Lacerda, em 1954, que “vendia” a ideia de que todos os seus adversários eram bandidos. Vianna recordou ainda que está começando uma repetição dos acontecimentos do golpe de 1964: “Carlos Lacerda conspirou pelo golpe e depois foi cassado pelos militares. Agora, Eduardo, Garotinho e Sérgio Cabral, que contribuíram com o golpe contra Dilma, estão presos”.

O evento de ontem foi o primeiro do “Ciclo de Debates: A imprensa e o Golpe”. O ciclo continua amanhã (24), quando serão debatidos “Os Reflexos na Sociedade”, com a presença do ator Sérgio Mamberti, do músico Tico Santa Cruz e da jornalista Laura Capriglione. O último debate da série se realizará no dia 29, com o tema “Os Impactos na Economia”, que trará o economista Eduardo Fagnani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a economista da Universidade de São Paulo (USP) Laura Carvalho e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo.

Com informações de Washington Araujo, do BemBlogado