Jilmar Tatto defende ‘choque de gestão’ em São Paulo para 2013

Deputado julga-se a melhor opção do partido para governar a cidade por conta da experiência administrativa e partidária

Jilmar Tatto, deputado federal e pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo (Foto: ©Leonardo Prado/Divulgação)

São Paulo – O deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) considera que a capital paulista precisa de um prefeito com coragem e conhecimento sobre a cidade e que esteja disposto a realizar um “choque de gestão” para solucionar seus problemas. Para ele, as áreas que requerem mais atenção são as da saúde, da educação e assistência social.

Tatto é um dos cinco pré-candidatos do PT à prefeitura de São Paulo em 2012 e se prepara para concorrer às prévias do partido, no dia 27 de novembro. Na disputa estão também os senadores Eduardo Suplicy e Marta Suplicy, o deputado federal Carlos Zaratini e o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Para Tatto, as alianças com partidos da base de apoio do governo Dilma Rousseff são interessantes, com restrições, por exemplo, ao PSD, do atual prefeito Gilberto Kassab. O PT faz oposição ao novo partido e principalmente ao prefeito.

Confira a entrevista na íntegra:

Por que o sr. é um bom nome do PT para a prefeitura de São Paulo?

Pela experiência que adquiri durante os mais de 30 anos em que moro em São Paulo. Nesse período, iniciei minha vida política nas comunidades eclesiais de base, no movimento social da zona sul de São Paulo. Já fui presidente do PT na capital e integrei a administração da Marta Suplicy em quatro secretarias (Abastecimento, Subprefeituras, Transporte e Secretaria de Governo). Atualmente, sou deputado federal pelo segundo mandato, sendo que, dos 250 mil votos que obtive, 170 mil foram da cidade de São Paulo. Sou o deputado do PT mais votado na capital. Essa experiência me credencia a representar o partido em melhores condições para ganhar as eleições para a prefeitura.

Qual o principal problema da cidade de São Paulo?

São Paulo está em total abandono. Do ponto de vista social não há uma preocupação em cuidar da cidade e de ter políticas pelas quais a população possa ser um agente ativo do seu destino. Abandono também na área de creches, já que há mais de 120 mil crianças fora das creches. Na área da educação, principalmente a qualidade do ensino é muito ruim. É pior que outros municípios de São Paulo e também de outros estados. Os professores são muito mal remunerados. Na saúde,  faltam médicos e, às vezes, as pessoas demoram anos para conseguir um exame de alta complexidade. A atual administração não sabe cuidar dos doentes. Na parte de infraestrutura se vê uma paralisia total, sendo que o orçamento do município é três vezes mais que na nossa época (quando participou do governo Marta). Do ponto de vista da mobilidade, a prefeitura é totalmente ausente. É lastimável São Paulo ficar na mão do DEM, do PSD e do PSDB.

Como melhorar a cidade?

São Paulo precisa de um choque de gestão, precisa de alguém que tenha coragem, firmeza e que conheça a cidade. E alguém que saiba colocar projetos de pé e que saiba investir em infraestrutura e na área social. Ao mesmo tempo, que tenha um planejamento urbano mais adequado. Quem deve induzir o crescimento de São Paulo é o poder público e não os interesses privados e os interesses das próprias imobiliárias, como acontece atualmente.

O que acha de o PT ter prévias para a escolha do candidato?

A prévia é um excelente mecanismo criado para decidir o melhor candidato, quando há mais de um concorrente. É democrático. O PT está dando uma lição de democracia, e outros partidos estão até copiando. Em todos os momentos que a militância foi chamada para participar e para decidir, o PT saiu fortalecido e não será diferente nessa prévia. Os pré-candidatos que deixarem de ser escolhidos têm o compromisso político de apoiar o candidato que sair desse processo.

E os outros pré-candidatos do PT? O ministro Haddad tem apoio do ex-presidente Lula e a senadora Marta teve quase 30% de intenção de votos na última pesquisa Datafolha.

Concordo com o presidente Lula que São Paulo precisa de uma renovação. Mas que seja um nome novo, que tenha raízes na cidade, por isso não concordo com o nome do Fernando Haddad. Eu me encaixo nesse perfil, e o presidente Lula já falou que  vai fazer campanha por quem ganhar a prévia. Então não tem dificuldade nenhuma. A senadora Marta merece todo o respeito, pela boa administração. Mas como acabou de assumir sua vaga no Senado. Politicamente eu acho mais importante para o país e para o PT que ela continue no Legislativo, pelo papel que está desempenhando lá.

Como avalia as alianças com outros partidos? E o PSD, do atual prefeito Gilberto Kassab?

Na medida do possível devemos fazer alianças com aqueles partidos que estão na nossa base e que apoiam o governo Dilma. Mas em São Paulo há algumas dificuldades. É difícil fazer aliança com o PSD do Kassab. Somos oposição a ele e não faz sentido a aliança. Com o PPS e o PSDB também não. E tem os candidatos dos partidos da base, que temos de tratar com respeito, como o PMDB. Se der para fazer uma aliança no primeiro turno melhor, mas se não, faremos um debate de alto nível. E o apoio será recíproco para quem for para o segundo turno. Esse é o pacto que temos de ter com os partidos da base.Tenho certeza que a cidade de São Paulo vai para o segundo turno com um candidato do PT e um do PSDB. Portanto, nós temos de tomar cuidado para não correr o risco de nos desgastar no primeiro turno, garantindo que esses partidos estejam conosco.

Quais os erros do PT nas gestões e campanhas eleitorais anteriores?

O PT está há oito anos fora do poder (em São Paulo), mas mesmo assim o partido tem uma boa lembrança de todas as vezes que governou e do carinho da população tem em relação à administração do PT. Às vezes, por erros táticos e de campanha, a gente acabou não ganhando a eleição. Eu acho que chegou o momento de o PT voltar a governar e a população entende que as coisas boas que estão acontecendo no Brasil são em função do projeto do PT e dos partidos aliados. E o que aconteceu de bom na cidade foi justamente no governo do PT. Essa força que tem o projeto do partido e mais os movimentos sociais que estão cansados da atual administração, além da força que vem da sua militância, me faz ser bastante otimista de que vamos voltar a governar a cidade e não ficar só quatro anos. Quem sabe oito, 12 anos e deixar marcas profundas. Esse é o desafio e para isso tem  de haver um candidato com perfil político, com quadro partidário e que entenda o PT e a cidade, além de ter experiência administrativa e ideias inovadoras.