Aproximação

Janones elogia disposição de Lula ao diálogo e admite apoiar petista

Pelas redes sociais, Lula elogiou empenho do candidato do Avante no combate à fome. Janones destacou que foi ignorado pelos demais candidatos e ressaltou “humildade” do petista que lidera pesquisas

Divulgação/Janones/Ricardo Stuckert
Divulgação/Janones/Ricardo Stuckert
“Vejo encontro como momento de celebração da democracia”, disse Janones

São Paulo – O deputado federal André Janones (Avante) admitiu nesta sexta-feira (29) a possibilidade de retirar sua candidatura ao Palácio do Planalto para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno. “Sim (estou disposto a retirar a candidatura para apoiar Lula). Se não, eu não iria conversar”, disse Janones ao jornal O Estado de S.Paulo.

O sinal de aproximação partiu de Lula. Ontem, Janones afirmou, em uma publicação nas redes sociais, que  gostaria de ser presidente para “mudar a vida das pessoas” que passam fome. Como “meio mais rápido”, ele defendeu um auxílio permanente de R$ 600, “sem fazer disso moeda de troca”. Lula então respondeu: “Fico feliz. Essa também é a causa que me motiva na política, estamos juntos nisso. Vamos conversar”.

“Convite aceito. Vamos conversar”, disse Janones, que destacou o gesto de “humildade” do ex-presidente.

“Combinado. Política se faz com diálogo e juntando pessoas pelo bem comum. Vou te ligar”, respondeu o ex-presidente. Ao Estadão, o candidato do Avante disse que não tem interesse em discutir cargos ou negociar ministério. “Vejo esse encontro como um momento de celebração da democracia”, afirmou.

Como “exigências” para formalizar apoio à candidatura de Lula, Janones voltou a insistir no auxílio permanente de R$ 600. Além disso, quer a inclusão de todas as famílias inscritas no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais), e a extensão do benefício para as “mães solo”.

O auxílio permanente de R$ 600 é uma das promessas de Lula e do PT, que criticam a validade até o fim do ano na proposta de Jair Bolsonaro aprovada pelo Congresso Nacional. Assim como zerar a fila de espera do programa, que voltaria a se chamar Bolsa Família, também consta no programa petista.

Ganha-ganha

Ao Estadão, Janones disse que “democracia é sinônimo de diálogo”. E ressaltou que a política, atualmente, está “tomada pelo ódio com o Bolsonaro e o centrão”. Ele também voltou às redes sociais para rebater as críticas que recebeu após a aproximação com Lula. Janones ficou conhecido durante a greve dos caminhoneiros em 2018. No entanto, ele destacou que desde aquele momento já havia rompido com a ala bolsonarista que pregava a ruptura institucional.

Janones também se define como “cristão evangélico”. Nesse sentido, um eventual apoio a Lula serviria para mitigar a resistência ao petista em parcelas desse eleitorado. Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, Janones marcou 1% das intenções de voto. O próprio candidato reconheceu que o seu “tamanho eleitoral” é micro. Ainda assim, dada a possibilidade de Lula vencer no primeiro turno, como indicou o próprio Datafolha, até mesmo 1 ou 0,5 ponto percentual pode contribuir para fechar a disputa na primeira volta.

Em entrevista ao programa Bom para Todos, da TVT, o jornalista Cesar Calejon comentou que Janones só tem a ganhar ao se aproximar do ex-presidente. “Ele vai poder dizer que combateu o projeto neofascista brasileiro nessa eleição e ganha o maior aliado político que você pode ter no Brasil hoje, que é o Lula. Sem dúvidas, faz todo o sentido.” Além disso, Calejon ressaltou que Janones é um político “muito jovem e impetuoso”. Se souber cultivar um bom relacionamento com Lula, pode almejar cargos de “relevância nacional” no futuro, como senador ou ministro, por exemplo.

Confira os comentários de Calejon sobre Janones