"Entre Vistas"

Boulos prega unidade contra Bolsonaro e o Tucanistão. ‘Mas Alckmin tem simbolismo negativo’

Boulos afirma que possível vice de Lula causa desconforto, e duvida que ajude na governabilidade. “Temos que eleger Lula. Mas não basta. Precisamos ter condição de revogar a reforma trabalhista, o teto de gastos”

Reprodução/Facebook
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"Se o nosso campo chegar dividido, não ganha", disse Boulos

São Paulo – O Entre Vistas recebeu ontem (24) o agora pré-candidato a deputado federal pelo Psol Guilherme Boulos. Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos abriu mão de disputar o governo de São Paulo para ajudar a construir uma grande bancada de esquerda no Congresso. Declarou apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT) em São Paulo e também defende que seu partido apoie Lula presidente já no primeiro turno. Juca Kfouri e Boulos falam da importância da união partidária para enfrentar o bolsonarismo no Brasil.

Guilherme Boulos citou duas razões principais para explicar a sua decisão. “A primeira delas é a necessidade de a gente ter uma bancada de esquerda grande no Congresso Nacional”, disse. Ele destacou que, atualmente, o Legislativo está dominado pelos partidos do chamado Centrão.

“Temos de eleger o Lula este ano para tirar Bolsonaro. Então, vou estar muito empenhado nessa tarefa. Mas isso por si só não basta. Se a gente tiver um Congresso com Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados) e companhia, não vamos ter condição de revogar a reforma trabalhista, o teto de gastos. Além de aprovar medidas que vão ser essenciais para o Brasil”, disse Boulos. Além disso, ele afirmou que seu objetivo é ampliar a bancada do Psol, atuando como puxador de votos. O Psol tem atualmente nove parlamentares na Câmara e espera no mínimo duplicar essa bancada.

O desconforto Alckmin

Apesar de defender o apoio a Lula, Boulos condena a presença de Geraldo Alckmin (PSB) como vice. “Principalmente pra gente aqui de São Paulo, que comeu o pão que o diabo amassou nos governos do Alckmin, é evidente que causa desconforto. Eu estava no Pinheirinho, naquele despejo violento a mando do Geraldo Alckmin. Eu militei no movimento sem-teto e fui professor de escola estadual nos anos dele de governo. Faltava tudo”, critica.

“Eu entendo que precisa ampliar. É evidente que num momento como este a gente precisa isolar o Bolsonaro na extrema direita e buscar ampliações. Mas eu acho que essa ampliação com Alckmin traz um simbolismo muito negativo. E, ao mesmo tempo, não vejo que traga um ganho eleitoral que seja significativo o suficiente pra colocar na balança”, avalia Boulos.

Além disso, o líder do MTST questiona o potencial de Alckmin de trazer algum ganho para a governabilidade no Congresso. “Vejo como pouco eficiente. Isso que estou falando aqui eu já disse ao Lula, à Gleisi (Hoffmann, presidenta do PT). É minha posição pública, já expressei em inúmeras oportunidades. Eu entendo que este é um momento em que é preciso dialogar com quem pensa diferente para derrotar o Bolsonaro. Mas entendo que o Alckmin traz um símbolo muito negativo.”

Derrotar o “Tucanistão”

Por outro lado, Guilherme Boulos disse que retirou sua candidatura ao governo de São Paulo em nome da unidade da esquerda para derrotar o “Tucanistão”. “Tenho a convicção que o caminho para derrotar 27 anos de governo do PSDB, o Tucanistão – e de quebra, derrotar o bolsonarismo em São Paulo –, passa pela unidade. Assim, se o nosso campo chegar divido, não ganha”, afirmou. Entretanto, ele disse que o Psol ainda vai decidir entre uma composição com o PT ou uma candidatura própria. Mas reafirmou seu apoio a Haddad. “Defendendo uma unidade com Fernando Haddad, para a gente derrotar o Tucanistão.”

Exemplo chileno

Nesse sentido, Boulos citou o Chile como exemplo de unidade entre as forças de esquerda, que resultou na vitória de Gabriel Boric, recém-empossado como presidente. “Todo mundo entendeu que havia uma ameaça fascista, representada por (José Antônio) Kast, o Bolsonaro chileno, e se juntou. Esse cenário, contudo, está se desenhando no mundo todo. O avanço da extrema direita é global.”

Boulos afirmou, no entanto, que esse avanço da extrema direita vem “refluindo”, depois da derrota de Donald Trump, nos Estados Unidos, em 2020. “Agora, a lição que temos que tirar desse processo é a importância da unidade”, frisou.


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