Eleições 2022

Boulos retira pré-candidatura ao governo de São Paulo

Líder do MTST será candidato a deputado federal e afirma trabalhar pela unidade da esquerda em São Paulo e no plano nacional

Mídia Ninja
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""Nós temos que nos atentar para as eleições parlamentares. Não adianta só eleger um presidente, um governador, e ter um parlamento que expresse o pior da sociedade brasileira"

São Paulo – O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos anunciou, em entrevista concedida à jornalista Mônica Bergamo, que desistiu da pré-candidatura ao governo de São Paulo pelo Psol. Ele será candidato a deputado federal nas eleições de outubro.

“Depois de conversar com muitos companheiros do meu partido e de analisar o cenário, eu decidi que não vou ser candidato ao governo de São Paulo. Defendo que a unidade é essencial para acabar com o ‘tucanistão’ e para derrotar o Bolsonaro em São Paulo. E não foi possível uma unidade da esquerda em torno do meu nome. Eu me pauto por projeto político. E não por ego ou por vaidade pessoal”, disse Boulos.

Ele reforçou a necessidade de se trabalhar pela unidade da esquerda no plano nacional e em São Paulo. “Eu tenho uma boa relação com Haddad também. Mas essa definição foi minha, em diálogo com os meus companheiros de partido. Foi uma decisão tomada por entendermos a gravidade do momento, a importância de termos uma unidade em nível nacional para derrotar o Bolsonaro e de buscar construir uma unidade aqui em São Paulo para derrotar esses 27 anos do PSDB, que deixaram o estado parado no tempo”, explica. “A definição de construirmos uma unidade, uma frente não é minha. Ela será tomada pelo Psol, junto com a nossa militância.”

“Eu tomei a decisão de ser candidato a deputado federal neste ano, pela importância de fortalecer e de criar uma grande bancada da esquerda no Congresso Nacional. Nós precisamos derrotar o centrão, que hoje está mandando no país. E eu acho que posso ajudar mais nesta tarefa”, pontua. “E ajudar também o Psol não apenas a ultrapassar a cláusula de barreira como também a aumentar sua bancada. O Psol é um partido fundamental para o Brasil, que traz pautas e que traz agendas que precisam ter mais espaço e visibilidade no Congresso Nacional.”

Derrotar Bolsonaro pai e filho

Para Boulos, a esquerda precisa trabalhar para garantir ao menos um terço do Parlamento, evitando possíveis pressões de movimentos de direita em torno de ameaças de impeachment. “Nós temos que nos atentar para as eleições parlamentares. Não adianta só eleger um presidente, um governador, e ter um parlamento que expresse o pior da sociedade brasileira. Eu acho que a esquerda tem todas as condições de fazer mais de um terço do Congresso Nacional e, com isso, não ter no pescoço a faca de um impeachment. Precisa eleger 172 deputados que não permitam que a todo momento o centrão e a direita façam essa barganha.”

Na entrevista, ele também citou como “missão” evitar que o filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL) seja novamente o deputado federal mais votado de São Paulo. “Nós não podemos deixar o Eduardo Bolsonaro ser de novo o deputado mais votado no estado de São Paulo. São Paulo precisa dar uma outra mensagem: derrotar o Bolsonaro na eleição presidencial e derrotar o seu filhote na eleição para deputado. Essa é a missão que eu quero cumprir neste ano.”

“O que está em jogo neste ano não é só ganhar uma eleição. Nós precisamos tirar o Brasil do buraco, resgatar a esperança. O Brasil está destruído. O ano de 2023 não é igual ao de 2003. O cenário atual vai exigir muita ousadia. Eleger o Lula é fundamental, mas nós vamos precisar de um Congresso diferente para revogar a reforma trabalhista, para revogar o teto de gastos, para aprovar as mudanças de que o povo brasileiro precisa”, acredita. “E tem que ter uma governabilidade, mas não apenas na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Tem que chamar a sociedade, tem que fazer plebiscito, tem que chamar os movimentos sociais. Para fazer as mudanças que o Brasil precisa agora, vai ser preciso ter mais ousadia.”