Violação de direitos

‘Gabinete do ódio’ era comandado por Carlos Bolsonaro, diz Mauro Cid em delação à Polícia Federal

Confissão de ajudante de Bolsonaro aponta ainda que ex-presidente ajudou pessoalmente na disseminação de fake news

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Delações vão estruturando denúncias e comprovando suspeitas nas investigações sobre a mílicia digital bolsonarista

São Paulo – O “Gabinete do ódio”, organismo criado pelo bolsonarismo para promover ataques contra adversários políticos e opositores durante o governo Jair Bolsonaro (2019-2022), era comandado por Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro e filho do ex-presidente, de acordo com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em sua delação premiada à Polícia Federal (PF). Mauro Cid também aponta vínculo direto de Jair Bolsonaro à disseminação de fake News. As informações são do UOL, que revela ainda que “o depoimento de Cid traz pela primeira vez o papel de ascendência de Carlos sobre o grupo”.

Trechos da delação premiada de Mauro Cid mostram que o próprio Bolsonaro atuou na distribuição de fake news, principalmente as que estavam relacionadas às eleições e urnas eletrônicas.

Ainda de acordo com a reportagem do UOL, o “gabinete do ódio” tinha uma estrutura de comando composta pelos assessores Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. Este último teve indicação para cargo no governo federal feita por Carlos Bolsonaro. Já Tércio e José Matheus haviam sido contratados diretamente no gabinete de Carlos na Câmara do Rio. Tinham cargos de assessores.

O mesmo grupo envolvido nessa denúncia sobre o “gabinete do ódio” já integrava investigação da PF no inquérito que apura a atuação das milícias digitais.

A defesa de Jair Bolsonaro nega as irregularidades e critica a delação de Mauro Cid. Nota do advogado Fábio Wajngarten, informa o UOL, aponta que “o eminente procurador leu toda a peça e concluiu que a mesma é fraca e desprovida de qualquer elemento de prova. A ‘delação’, segundo o procurador, mais se parece com uma confissão e o mesmo, por reiteradas vezes, disse que nada se aproveita”.

Em depoimentos anteriores à própria Polícia Federal Carlos Bolsonaro, Tércio, José Matheus e Matos Diniz negaram atuação na disseminação de fake News e de ataques à democracia.

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