FHC, após assinar sem ler, diz ser contra sigilo eterno de documentos

Homenageado pelos seus 80 anos, ex-presidente disse que pais precisa de 'atenção e carinho'

Ex-presidente defendeu debates mais construtivos no Legislativo (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

 

São Paulo – Elevado à posição de principal nome da oposição ao governo da presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi homenageado nesta quinta-feira (30) por seu partido, o PSDB, na presença de outros dois ex-presidentes (José Sarney e Fernando Collor) e representantes de legendas adversárias, como o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). A solenidade, em comemoração pelos seus 80 anos, completados no último dia 18, lotou o plenário do Senado. Ele fez uma retrospectiva de sua vida política e lembrou que o país ainda precisa de “carinho e atenção” para se desenvolver, além de pregar um diálogo mais qualificado no Congresso.

O homenageado também deu sua opinião a respeito da polêmica que o governo vem enfrentando em relação à divulgação dos documentos secretos do Estado brasileiro. Disse ser contra o sigilo eterno, mas admitiu ter assinado documentos nesse sentido no final de seu mandato. “Acho que não precisa ter sigilo eterno. Vocês podem perguntar: por que você fez? Fiz sem tomar conhecimento, no último dia de mandato, uma pilha de documentos e só vi dois anos depois”, reconheceu.

O ex-presidente afirmou que todas as “decisões (para a sociedade) passam pelo campo da opinião pública”, que por sua vez “passa pelo Congresso”. Ele defendeu a necessidade de debates mais bem elaborados e construtivos no Legislativo.

Mesmo admitindo que o Brasil avançou nos últimos anos, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, FHC cobrou uma sociedade mais sustentável. “Falta que se introduza nos nossos temas uma dimensão de economia sustentável, uma sociedade sustentável. Não se trata da produção só, da natureza, mas de tudo isso, da relação do ser humano com as pessoas”, pontuou.

Sigilo

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), manifestaram críticas ao projeto defendido pelo Executivo de limitar a 50 anos o prazo máximo para a liberação de documentos ultrassecretos. Ambos cumprem mandato no Senado e defenderam o segredo para temas ligados à formação de fronteiras, entre o fim do século 19 e início do 20.

Fernando Henrique recordou o sentimento de emoção ao receber uma carta de cumprimentos da presidenta Dilma Rousseff.  “Senti não um gesto político no sentido comum, mas um gesto de dizer que somos brasileiros, em algum ponto temos de nos entender e não vale a pena somente um destruir o outro, porque isso não leva a nada”, comentou.

 

Com informações da Agência Brasil e da Agência Senado