entrevista

Falcão: ‘Não tenho informação de que Casa Civil terá ministro que não é do PT’

Após reunião da executiva nacional do partido, em São Paulo, presidente do PT disse que Aloizio Mercadante 'deveria ser mantido nas funções estritas da Casa Civil'

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Rui Falcão: “As decisões de composição de ministério são prerrogativas da Presidência da República”

São Paulo – Em entrevista coletiva no início da noite de hoje (17), o presidente do PT, Rui Falcão, foi cauteloso ao falar sobre especulações, veiculadas nos últimos dias, de que haveria mudanças na área política (leia-se Casa Civil) do ministério do governo Dilma Rousseff. Falcão disse que as decisões de composição de ministério são prerrogativas da Presidência da República, e desconversou sobre os boatos de que a ministra Kátia Abreu (Agricultura) ou Ricardo Berzoini (Comunicações) venham a ocupar o cargo que hoje é de Aloizio Mercadante.

“Não recebi nenhuma informação de que a Casa Civil vá ser ocupada por algum ministro que não seja do PT”, afirmou. Segundo ele, Kátia Abreu é aliada e vem desenvolvendo atividades na Agricultura com desenvoltura e dialogado com vários setores, “mas não me consta que vá ser designada para essa função”. O presidente falou à imprensa após reunião da executiva nacional do partido em São Paulo.

Segundo ele, Mercadante tem cumprido as funções “estritas” da Casa Civil e, nesse papel, deveria ser mantido, podendo a presidenta destacar outro ministro para cumprir as funções mais próprias de articulação política com o Congresso Nacional. A fala pode indicar que as funções de Mercadante estão próximas de se resumir às atividades mais burocráticas da Casa Civil.

Sobre os boatos citando Berzoini como possível responsável pela área política, Falcão deixou a dúvida no ar. “Tem toda trajetória e competência para exercer qualquer função no governo. Se a presidenta entender, e ele aceder que deve cumprir um papel de articulação politica, é decisão dela, não tenho nenhuma restrição.”

Quase no fim da entrevista, clima de suspense. Falcão foi atender um telefonema que afirmou ser da presidenta Dilma. Cerca de cinco minutos depois, voltou dizendo que não era Dilma, mas Lula, que, segundo ele, cobrava um posicionamento do partido sobre Gilmar Mendes. Falcão contou que esclareceu o ex-presidente dizendo que o PT já havia divulgado uma nota.

Antes da coletiva, o partido divulgou uma resolução da comissão executiva nacional na qual afirma que “a oposição conservadora prossegue na sua investida para desestabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff”.

Apoio ao ajuste

No documento, o partido admite a necessidade das “medidas emergenciais” de ajuste orçamentário anunciadas pelo governo no início da semana “para minorar os impactos da crise mundial” na economia brasileira.

Ao mesmo tempo em que propõe “reorientar a política econômica”, pede colaboração dos parlamentares petistas no Congresso “com novas propostas e eventuais correções da proposta do Executivo”. Falcão disse que a resolução reafirma as posições que o partido já havia resolvido no 5° Congresso em Salvador, em junho.

Segundo o dirigente, “a taxa de juros não é rebaixada por uma ordem presidencial simplesmente”. Ele afirmou que o partido defende uma redução dos juros “progressivamente”.

A resolução repete argumentos de artigo escrito esta semana pelo presidente do partido. Afirma que “a nova investida” da “oposição conservadora” tem como senha a redução da nota do Brasil pela agência de rating Standard & Poor’s. “Sem esconder suas intenções, atuam também, dentro e fora do parlamento, para derrogar a Lei do Pré-Sal, a política de conteúdo nacional, o regime de partilha e a condição de operadora única da Petrobras nas reservas petrolíferas”.

O documento defende o compromisso do PT com os trabalhadores e declara apoio à recriação da CPMF, incluindo uma faixa de isenção, defende a abertura de negociações com as entidades sindicais dos servidores federais e o diálogo para se regulamentar a Convenção 151 da OIT.

O economista Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, participou da reunião do diretório, mas não quis falar com a imprensa.

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