Inaceitável

Vereadora paulista é alvo de ameaças de ‘estupro corretivo’

A vereadora Duda Hidalgo, do PT de Ribeirão Preto, recebeu ameaças de crimes impensáveis. Contudo, não se intimidou

Divulgação/PT/Alesp
Divulgação/PT/Alesp
"Todas as vezes que algum machismo ou LGBTfobia acontece afeta a todas nós. O silêncio não combina com a gente"

São Paulo – A vereadora de Ribeirão Preto (SP) Duda Hidalgo (PT) sofre, mais uma vez, agressões e ameaças. No último domingo (10), ela foi vítima de intimidações criminosas, que a ameaçam de “estupro corretivo”. Mulher negra e LGBTQIA+, Duda é uma voz representativa e dissonante da força política hegemônica no interior de São Paulo. Alvo constante de radicais de extrema direita, ela não pensa em se calar. Ao contrário.

“Todas as vezes que algum machismo ou LGBTfobia acontece afeta a todas nós. O silêncio não combina com a gente. Cansamos de ser oprimidas”, afirma. Duda é vítima deste tipo de violência não é de hoje. Candidata ao Parlamento estadual em 2022, o então pré-candidato bolsonarista ao mesmo cargo Diego Wolg (PSC) disse que ela “tem cabelo de mendigo”, além de ser “uma vereadorzinha”. Então, as ofensas seguiram com agressões mais pesadas.

Menos de um ano depois, a perseguição continua. Duda recebeu uma mensagem intitulada “Estupro cura lésbicas e bissexuais. Posso provar”. Contudo, ao invés de ficar intimidada, ela reagiu. “Pois é, esse é o título de um e-mail que eu recebi nessa semana. Assédio, estupro e violência podem parecer palavras fortes. Mas são palavras que permeiam o dia a dia de muitas parlamentares assim como eu”, disse.

‘Estupro corretivo’ e mais ameaças

Ela conta que na mensagem, o remetente dizia ter seu endereço residencial. Ela, então, pediu reforço na segurança. “A presidência da Câmara Municipal de Rio Preto já foi oficiada. Solicitamos escolta e o reforço na segurança do prédio. Minha equipe jurídica já analisa o caso e vamos entrar com todas medidas para resguardar a segurança e levar os criminosos à Justiça.”

Ela reforçou que a luta das minorias para representarem parte significativa da população é difícil. “É muito difícil para nós chegarmos em espaços de poder como esse. Contudo, mais difícil ainda é nossa permanência nesses espaços. Na noite deste domingo, recebi uma ameaça de estupro e LGBTfobia. O autor da mensagem descreveu uma prática criminosa de estupro corretivo que consiste na violação sexual da vítima”, relata.

Por fim, ela afirma que esta violência vai além dos espaços de poder. Trata-se apenas de um reflexo do que as mulheres e a comunidade LGBTQIA+ vivem todos os dias. “Isso é mais uma evidência de que a violência contra a mulher ainda é muito presente na nossa sociedade e é reproduzida na sociedade. Infelizmente, uma vida livre de violência é um direito de todos e negado a parte de nossa população todos os dias. Em especial de mulheres lésbicas, bi e transsexuais. Então, para essas, a possibilidade da violência é muito maior pela conjugação de diversos preconceitos. A violência se dá no espaço público e privado. A cultura machista tenta nos calar de todas as formas através da violência doméstica, política, da exclusão dos espaços de poder.”


Leia também


Últimas notícias