Estudantes e servidores pedem impeachment de Yeda e saída do relator da CPI

Porto Alegre e Canoas amanheceram com protesto organizado pelo Fórum dos Servidores. De acordo com eles, tucano Coffy Rodrigues está boicotando as investigações do legislativo

(Foto: Kiko Machado/Divulgação)

Porto Alegre – Estudantes e servidores públicos gaúchos saíram às ruas de Porto Alegre na manhã desta quarta-feira (16) para defender o impeachment da governadora Yeda Crusius (PSDB) – acusada pelo Ministério Público Federal de integrar uma quadrilha que estaria instalada no aparelho do Estado para desviar recursos públicos – e o afastamento imediato do deputado estadual Coffy Rodrigues (PSDB) da relatoria da CPI da Corrupção que está em curso na Assembléia Legislativa.

Segundo os organizadores da manifestação, cerca de 2 mil pessoas participaram da caminhada pelo centro da capital que terminou na Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini. Após o ato, estudantes e servidores públicos entraram no prédio da Assembleia Legislativa, com cartazes e embalagens de papel pedindo o afastamento de Coffy e o impeachmente de Yeda.

O deputado tucano vem liderando uma tropa de choque parlamentar montada pelo governo para barrar as investigações da CPI. Até agora, a presidente da comissão, deputada Stela Farias (PT) não conseguiu votar um requerimento sequer para a convocação de testemunhas,em virtude da retirada de quorum promovida pelo bloco governista que tem maioria na CPI (8 a 4).

Diante do boicote aos trabalhos da CPI, entidades estudantis e sindicais decidiram aumentar a mobilização nas ruas para pressionar o parlamento. Composto por dez entidades de servidores públicos do Estado, o Fórum dos Servidores também promoveu um ato nesta quarta-feira, no centro de Porto Alegre, para denunciara a postura dos deputados da base aliada do governo Yeda na CPI.

Por iniciativa do Fórum, monumentos de Porto Alegre e de Canoas amanheceram cobertos com um capuz com a seguinte frase: “Deputado Coffy nos deixa cobertos de vergonha – está do lado da corrupção – Fora Yeda/Impeachment Já”. Cartazes também foram colocados nas ruas dos dois municípios.

À tarde, representantes do Fórum entregaram um documento exigindo o afastamento do deputado Coffy da relatoria da CPI ao presidente da Assembleia Legislativa, Ivar Pavan. O mesmo material foi entregue para a deputada Stela Farias.

Boicote

Após as primeiras reuniões da CPI, onde ainda procurou manter as aparências de um parlamentar preocupado em investigar denúncias de corrupção, agora, Coffy Rodrigues não esconde mais que sua principal missão é mesmo trancar os trabalhos da comissão. A divulgação, na segunda-feira, de novos áudios de conversas entre os acusados de integrar a quadrilha do Detran, só acentuou a estratégia governista de tentar asfixiar a CPI. Na mesma hora em que esses áudios, fruto de interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial, eram exibidos na CPI, o deputado tucano e o vice-presidente da comissão, Geraldo Capoani (PMDB), convocaram uma coletiva para dizer que as gravações estavam sendo divulgadas de modo ilícito, pois a base governista não havia sido consultada.

Como os deputados que defendem Yeda decidiram boicotar a CPI, Stela Farias está divulgando aos demais parlamentares que participam da comissão a documentação do processo da Operação Rodin (que investiga a fraude no Detran) enviada pela juíza federal Simone Barbisan Fortes.

Ao mesmo tempo em que coordena o trabalho de boicote à CPI, a governadora Yeda Crusius tenta evitar a todo custo que seus dois principais assessores sejam chamados a depor. São eles o chefe de gabinete, Ricardo Lied, alvo de uma ação de improbidade administrativa por parte do Ministério Público Estadual, e Walna Vilarins Meneses, acusada de corrupção passiva e formação de quadrilha pela Polícia Federal, no inquérito da Operação Solidária que investiga um esquema de fraudes em licitações no Estado.

Walna deve se afastar do governo temporariamente. Oficialmente ela sairia de férias ou seria transferida para o escritório de representação do Estado, em Brasília. Na terça-feira, o deputado Daniel Bordignon (PT) pediu ao novo chefe da Casa Civil, Otomar Vivian (PP) que assuma o compromisso de garantir a ida de Walna à Comissão Parlamentar de Inquérito. “Esperamos que este movimento não seja mais um elemento da estratégia da base governista de obstruir a CPI, ou seja, dar tempo para que os envolvidos nas fraudes sumam e não esclareçam as denúncias”. As evidencias indicam que se trata exatamente disso.
Fotos: Kiko Machado