Erenice: minha família disponibiliza seu sigilo fiscal, bancário e telefônico
Em entrevista à IstoÉ, ex-ministra vai ao ataque: 'não sou o Serra que briga para manter o sigilo da filha'
Publicado 18/09/2010 - 15h44
“Depois que uma pessoa passa a exercer cargo público, seus filhos devem parar de se relacionar, trabalhar e ter amigos?”, questiona Erenice (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil)
São Paulo – A ex-ministra-chefe da Casa Civil afirma-se inocente, oferece o sigilo bancário e telefônico de toda a sua família, vê traição dentro do ministério e não descarta “fogo amigo”. As declarações estão em entrevista concedida por Erenice Guerra à revista IstoÉ, publicada neste sábado.
“Eu não sou o (José) Serra que briga para manter o sigilo da filha”, disse a ex-ministra. “Meu filho se chama Israel (Guerra), e não Verônica (Serra). Ninguém está brigando na Justiça para manter o sigilo”, provocou. A alusão é às declarações de repúdio do principal candidato da oposição ao caso de violação de sigilo fiscal de sua filha.
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Erenice se diz tranquila e disposta a “respirar” e defender sua “honradez” e “seriedade profissional”. Ma ela não descarta a possibilidade de Vinícius Castro, ex-sócio de Israel e servidor exonerado na sexta-feira (17), ter praticado tráfico de influência. “(Ele) poderia dizer: ‘trabalho na Casa Civil, posso conseguir isso e aquilo…’ Isso não é desarrazoado, não. E, exatamente por isso, a Casa Civil está, a partir de hoje (quinta-feira, 16), investigando esse caso com bastante rigor”, explicou.
Independentemente das conclusões, a ex-ministra sustenta que não teve conhecimento desse tipo de atitude e que jamais permitiria condutas dessa natureza. “Por que eu deixaria que minha honra e minha história profissional se sujassem por conta de tráfico de influência no local em que trabalho? Sou uma mulher madura, vivida. Sei onde estou, o que estou fazendo”, desafia.
Filhos
“Uma pessoa que trabalha a quantidade de horas que eu trabalho por dia, que sai de casa antes das nove da manhã e só volta depois das nove da noite, não tem condições de acompanhar trabalho nem de filho, nem de irmão, nem de ninguém”, esquiva-se Erenice.
Ainda assim, ela diz que seu filho Israel também nega qualquer conduta ilegal ou de tráfico de influência. “Ele sabe a mãe que tem. Eu jamais aceitaria ou faria movimento no sentido de privilegiar alguém”, garante.
Erenice pede ainda uma reflexão da sociedade a respeito do que é exigido de gestores públicos. “Depois que uma pessoa passa a exercer cargo público, seus filhos devem parar de se relacionar, trabalhar e ter amigos?”, questiona. “O que será dos meus filhos e dos meus parentes? Terão todos que viver à minha custa, pois não poderão trabalhar e se relacionar?”, rechaça.