Empresários se recusam a aprovar o regimento da Conferência de Comunicação

Como os empresários não foram a reunião de aprovação do regimento foi criado um impasse na comissão organizadora

A aprovação do regimento que norteará as discussões da primeira Conferência Nacional de Comunicação do país aconteceria na última quinta-feira (23). Entretanto, empresários do setor de radiodifusão se recusaram a participar da reunião e atrasaram o cronograma.

Para aprovar o documento, os donos das rádios e emissoras de televisões do país fizeram várias exigências, conforme conta o jornalista Jonas Valente, representante do coletivo Intervozes.

“Os empresários querem debater apenas a convergência tecnológica, a internet, falam que querem debater tudo , mas na grande maioria das vezes ressaltam que querem discutir às ameaças daquilo que é chamado de turbulência tecnológica sobre setores como a radiodifusão nacional. As entidades da sociedade civil não empresarial, e os movimentos sociais desde o início acham a conferência uma marco e para que ela cumpra esse papel histórico, ela deve ser ampla e democrática”, diz Jonas.

Membro da comissão organizadora da conferência, Jonas Valente também conta que os empresários enviaram uma carta ao presidente Lula, pedindo intervenção do governo na discussão.

Na cerimônia de criação do vale-cultura, na última quinta-feira, o presidente aproveitou o evento para responder o pedido.Segundo Lula, a conferência é um processo democrático e necessário para o país. O presidente garantiu que não haverá intervenção do governo na questão.

“Vocês não sabem a confusão que a gente está tendo neste país agora, porque nós queremos fazer a 1ª Conferência de Comunicação, para tomar decisões sobre coisas importantes no nosso país, e não é fácil. O companheiro Franklin e o companheiro Hélio Costa estão organizando, sabe, é uma tarefa… Antes, as pessoas não estavam com medo porque não sabiam que ia acontecer, tinham dúvidas. Depois teve um problema de dinheiro e as pessoas ficaram: ‘Bom, não vai ter dinheiro, então não vai ter’. Mas agora que vai ter, tem muita gente que não se preparou que está preocupado. E nós não queremos nada, nós só queremos melhorar a democratização dos meios de comunicação. Nós nem queremos tirar nada de ninguém, só queremos apenas aprimorar os meios de comunicação no Brasil. E a sociedade vai participar. E quando a sociedade participa, nem o ministro Franklin tem o controle, nem o companheiro Hélio Costa tem o controle, nem eu tenho o controle. O máximo que nós vamos lá é dizer o que nós pensamos e fazer o nosso discurso.”

Para tentar um acordo entre movimentos sociais e empresários, o governo federal convocou uma nova reunião da comissão organizadora na terça-feira (28).

De acordo com Jonas Valente, do Intervozes, as entidades não estão dispostas a abrir mão de discutir o direito à comunicação ampla e democrática no Brasil: “Os empresários colocaram em vários momentos que tem receio da conferência não ter controle. E ai eu vou concordar com o presidente Lula, conferência não é um espaço para ser controlado, é um espaço de debate político. É um espaço no qual pela primeira vez o setor empresarial teria que descer dos espaços fechados de elaboração de políticas que sempre participou para debater com a população.”