Conversa com o Presidente

Em live de estreia, Lula anuncia ‘grande programa de obras’ para o segundo semestre

Em conversa descontraída, presidente explicou a ausência do “Ministério do Namoro” e tratou temas variados, da economia ao futebol, passando por agricultura e educação

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
"Pensei em criar o Ministério do Namoro, mas aí teria que ser eu o ministro", bricou Lula

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estreou nesta terça-feira (13) o programa Conversa com o Presidente. Em entrevista ao jornalista Marcos Uchôa, ele fez um balanço dos primeiros seis meses de governo e anunciou projetos. Em tom descontraído, a iniciativa da live busca aproximar Lula da população e ampliar a presença do governo nas redes sociais.

Lula falou da volta do Brasil ao cenário internacional, a retomada das políticas públicas, reforma agrária e do programa que barateou os preços dos automóveis. Depois do esforço de reconstrução que marcou o primeiro semestre, ele anunciou para 2 de julho um “grande programa” de obras públicas.

“A partir do dia 2 de julho, vamos lançar um grande programa de obras. Um grande programa para o desenvolvimento nacional com obras de infraestrutura para todas as áreas”, afirmou. Ele reafirmou que recebeu o governo com 14 mil obras paradas. Só na área da educação, são cerca de 4 mil obras inacabadas, incluindo creches. Também citou empreendimentos do Minha Casa Minha Vida que estavam parados desde o governo Dilma.

Ainda assim, Lula disse que está “satisfeito” com o trabalho até aqui, mas ressaltou que o povo tem pressa. “Sinceramente, estou extremamente satisfeito. Tenho combinado viagens aqui dentro com viagens para o exterior, porque é preciso recuperar a capacidade do mercado interno brasileiro. E o Brasil estava alijado da política internacional. Vamos trabalhar muito, porque o povo brasileiro está com muita expectativa. Ele quer emprego, quer salário, quer educação de qualidade, quer ter área de lazer, quer ter acesso à cultura. E tudo isso está dentro do nosso planejamento para recuperar o Brasil até 2026 e entregar esse país melhor do que eu já entreguei em 2010.”

Desenrola

O presidente afirmou que lançou o programa para reduzir os preços dos carros populares porque a indústria automobilística está produzindo, mas o povo “não tem dinheiro, não pode comprar”. Nesse sentido, destacou a importância do programa Desenrola Brasil, que pretende renegociar as dívidas das famílias, reduzindo a inadimplência.

“Estamos preocupados em encontrar uma saída para 72 milhões de brasileiros e brasileiras que devem. Devem qualquer coisa, e estão com nome sujo no Serasa. Ou devem porque usaram o cartão de crédito para comprar comida, ou devem porque usaram o cartão de crédito para enfrentar a pandemia. E nós queremos ajudar essa gente. Por isso é que nós estamos criando um programa chamado de Desenrola.”

Crescimento

Sobre o crescimento do PIB de 1,9% no primeiro trimestre, Bolsa em alta e dólar em queda, Lula afirmou que a melhora na economia é resultado de três “palavras mágicas”: “Credibilidade, estabilidade e previsibilidade”. Disse que se encontrou com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, na reunião do G7, em Hiroshima, e disse que as previsões do órgão sobre o crescimento brasileiro estão “equivocadas”.

“Quando chegar no final do ano que vem, vou encontrar com a senhora no G20 e vou lhe provar que a economia brasileira cresceu muito mais do que aquilo que o FMI tá dizendo agora. Ela deu uma risada e falou: ‘Tomara que você esteja certo’. E é verdade”, relatou o presidente. No mês passado, o FMI elevou de 0,9% para 1,2% a projeção de crescimento para o Brasil.

Agronegócio e reforma agrária

Lula também afirmou que “nunca teve problemas” com o agronegócio. “Governei oito anos esse país, e eles sabem tudo que nós fizemos por eles. Eles sabem que nós temos muita responsabilidade no salto de qualidade que deu a agricultura brasileira, por causa do financiamento que nós fazíamos. No nosso tempo, uma dessas máquinas colheitadeiras grandes, que parecem um robô, essa máquina era financiada com 2% de juros ao ano. Hoje eles estão pagando 14% ou 18%.”

Nesse sentido, ele citou que o problema pode ser ideológico. “Se é ideológico, paciência”. No entanto, Lula voltou a afirmar que não há “incompatibilidade” entre o pequeno e o grande produtor rural. O primeiro é importante para alimentar a população brasileira. O segundo garante superávit da balança comercial do país.

Para dar andamento à reforma agrária, o presidente afirmou que “não precisa mais invadir terras”. “Quero que o Incra me dê a totalidade de terras ociosas que tem no Brasil. É em torno disso que a gente vai discutir com a Contag, com os sem-terra, com a Fetraf, para que a gente possa fazer os assentamento necessários, com muita tranquilidade”.

Enem, ministério do namoro e seleção brasileira

Lula também voltou a apelar para que todos os estudantes aptos a fazer o Enem se inscrevam. “O Enem estava muito desativado, um pouco desmoralizado. E nós precisamos recuperar a força do Enem, porque foi a coisa mais extraordinária. Nós chegamos a ter 16 milhões de pessoas inscritas. Então é importante que todo mundo que queira fazer universidade se inscreva até o dia 16 de junho, para que você possa ter a oportunidade de entrar numa universidade e fazer um curso e virar doutor ou doutora.”

Ainda no início da entrevista, Lula brincou para justificar a ausência do “Ministério do namoro”. “Pensei em criar o Ministério do Namoro, mas aí teria que ser eu o ministro”. Ao final, o presidente também tratou de outra paixão: o futebol. Disse que é “muito triste” que ainda esteja vago o cargo de técnico da seleção brasileira. E também lamentou as crises que Corinthians e Vasco vêm enfrentando. Ele afirmou que o Brasil virou exportador de jovens jogadores. “A gente vende eles com 17 (anos) e compra eles com 34. Essa é a lógica do futebol brasileiro.”

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