E-mails sugerem que gabinete de Yeda conhecia o esquema de quebra de sigilo no RS
Rio de Janeiro – Uma troca de e-mails revelada pelo jornalista Marco Aurélio Weissheimer, do blog RS Urgente, indica que o esquema de quebra de sigilos do Sistema de Consultas […]
Publicado 13/09/2010 - 16h38
Rio de Janeiro – Uma troca de e-mails revelada pelo jornalista Marco Aurélio Weissheimer, do blog RS Urgente, indica que o esquema de quebra de sigilos do Sistema de Consultas Integradas era conhecido pela governadora Yeda Crusius (PSDB). As mensagens teriam sido trocadas em setembro de 2008, entre integrantes da Casa Militar do Governo, o sargento Frederico Bretschneider Filho e o então chefe de gabinete da governadora, Ricardo Lied.
Os e-mails tratam do pedido de informações sobre o ex-deputado estadual Luis Fernando Schmidt (PT), então candidato à prefeitura de Lajeado. Há questionamentos sobre o acesso ou não a dados cíveis e econômicos e confirmações de leitura.
>> Tarso com 42% consolida vantagem no RS
>> No RS, possibilidade de PT levar no 1º turno faz Fogaça tentar unir PMDB
>> Ex-segurança de Yeda afirma que agia sob ordens de superiores
>> Sargento preso no RS é acusado de violar dados sigilosos do Banrisul
O escândalo da violação de dados pelo Sistema de Consultas Integradas – que permite o acesso a dados pessoais, como registro de veículos, e criminais – de moradores do Rio Grande do Sul, começou com a prisão do sargento Frederico Bretschneider Filho, que trabalhava na segurança da governadora Yeda Crusius. Ele é acusado de cobrar propina de donos de caça-níqueis usando carros oficiais e de usar sua senha para acessar dados de adversários políticos de Yeda.
Segundo a promotoria, entre janeiro de 2009 e agosto de 2010, o sargento acessou o sistema mais de 10 mil vezes. Em sua defesa, Bretschneider diz que acessava os dados a mando de seus superiores. O próprio Weissheimer foi um dos jornalistas cujos dados foram acessados indevidamente.
OAB-RS pede cancelamento de senhas
A seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil pediu o cancelamento de 18 mil senhas que permitem o acesso ao Sistema de Consultas Integradas. Ao todo, 49 órgãos estaduais têm autorização para usar o sistema. A sugestão é que o acesso seja permitido apenas aos agentes de segurança, sob novo e rígido controle administrativo, com auditoria permanente.
Os e-mails
Abaixo, a troca de mensagens em ordem cronológica:
Data: Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008, 14:02
De: Frederico Bretschneider Filho (***@brigadamilitar.rs.gov.br)
Para: ***@casamilitar.rs.gov.br
Assunto: pesquisa
ex-deputado…completa “uuu” – luis fernando schimitt (ou semelhante..schimdt..)
(*) “uuu” significa “ultra-urgente” (nota do blog)
Data: Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008, 20:27
De: ***@casamilitar.rs.gov.br
Para: Ricardo Lied
Estado do Rio Grande do Sul
Gabinete da Governadora
Data: Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008, 22:53
De: Frederico Brteschneider Filho (***@brigadamilitar.rs.gov.br)
Para: ***@casamilitar.rs.gov.br
Assunto: Resposta pesquisa
Olá… Temos resultado?
Para: quinta-feira, 11 de Setembro de 2008, 23:18
De: ***@casamilitar.rs.gov.br
Para: Bretschneider Serviços Ltda [email protected]***.com.br, Frederico Bretschneider Filho ***@brigadmilitar.rs.gov.br, Frederico Bretschneider Filho
Assunto: Em: Luis Fernando Schmidt – dados
Dados enviados em anexo
Data: Quinta-feira, 12 de Setembro de 2008, 10:49
De: Frederico Bretschneider Filho (***@brigadamilitar.rs.gov.br)
Para: ***@casamilitar.rs.gov.br
Assunto: Re: Em: LUIS FERNANDO SCHMIDT – dados
Veja se consegue a questão civel e econômica.
Data: Quinta-feira, 12 de Setembro de 2008, 14:42
De: Frederico Bretschneider Filho (***@brigadamilitar.rs.gov.br)
Para: ***@casamilitar.rs.gov.br
Assunto: Re:Em:Luis Fernando Schmidt – dados
O pedido de levantamento de informações sobre “a questão civel e econômica” do ex-deputado Luis Fernando Schmidt configura violação de sigilo de informações relativas à vida pessoal e profissional do mesmo. Esse fato foi objeto de denúncia contra o então chefe de gabinete da governadora, Ricardo Lied, por parte do ex-ouvidor da Secretaria de Segurança, Adão Paiani.