'Lista negra'

Documentos mostram que Volkswagen espionava Lula na época da ditadura

Comissão Nacional da Verdade detalhará, no relatório final, como empresa mantinha 'diários de greve' e análises sobre comportamento de Lula, então líder sindical na região do ABC paulista

Sindicato dos Bancários de SP/CC

Volkswagen informava militares sobre seus próprios funcionários, buscando líderes do movimento sindical

A Volkswagen, empresa alemã de automóveis, espionou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o período militar no Brasil, que durou de 1964 até 1985. Segundo a agência Reuters, a Volkswagen informava seus monitoramentos, como nomes e reivindicações salariais, ao governo militar, durante o início da década de 80.

Além da Volkswagen, outras empresas monitoravam e informavam os militares sobre seus próprios funcionários, buscando líderes do movimento sindical durante o período. As informações foram encontradas em documentos em um arquivo nacional e deverão fazer parte do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que investiga os abusos e ilegalidades cometidos pelos militares.

Os documentos comprovariam que diversas empresas teriam contribuído com o regime não só ideologicamente, mas também com serviços de inteligência e informação. Em agosto, a CNV já havia encontrado indícios da participação de empresas no Brasil a serviço dos órgãos repressivos.

Nos documentos enviados pela Volkswagen aos militares, denominados como “confidenciais”, a empresa entregava informações detalhadas, como nomes de funcionários que participavam e lideravam as greves e até os números das placas dos veículos que eram usados nas manifestações. Em um dos documentos, a Volkswagen teria revelado aos militares sobre a exibição de filme com conteúdo socialista dentro de suas dependências. Funcionários acusados de usar drogas também tinham seus nomes revelados.

A Volkswagen afirmou que vai apurar as informações sobre possíveis funcionários que trabalharam em parceria com os militares.