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Dividido, PSDB tem cenário difícil para a sucessão de Fernando Haddad

Para o presidente do partido no estado de São Paulo, o deputado Pedro Tobias, se o governador Geraldo Alckmin não 'entrar de corpo e alma, vai ser difícil chegar ao segundo turno'

José A. Teixeira/Assembleia Legislativa

Para Pedro Tobias, presidente regional do PSDB, legenda não pode “passar de janeiro” para escolher candidato

São Paulo – Pouco menos de um ano antes das eleições municipais de 2016 em São Paulo, o PSDB continua não apenas longe de definir quem será seu candidato à sucessão do prefeito Fernando Haddad (PT) como está francamente dividido. Até o momento, são vários os nomes considerados possíveis pré-candidatos, entre os quais o empresário João Doria Júnior, os deputados federais Bruno Covas e Ricardo Tripoli e o vereador Andrea Matarazzo. “Na minha opinião pessoal, não podemos passar de janeiro (para escolher o nome). Não podemos esperar até março”, diz o presidente do diretório estadual do partido em São Paulo, o deputado Pedro Tobias.

Segundo sua avaliação, sem o comando do governador Geraldo Alckmin, o PSDB não tem chance. “Alckmin precisa ‘pegar’ o processo eleitoral do partido. Ele tem que entrar de corpo e alma. Sem ele, vai ser difícil chegar ao segundo turno”, admite Tobias.

O deputado estadual Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa, e o ex-deputado José Aníbal também são considerados possíveis candidatos. Capez, Tripoli, Covas e Aníbal estão na conta de aliados de Alckmin ou, pelo menos, interessam ao projeto presidencial do governador para 2018. O processo de definição para a eleição municipal do ano que vem será decisivo para o governador no PSDB. Uma vitória de Matarazzo, aliado e muito próximo do senador José Serra, poderia significar mais do que um racha. Sem influência no processo, Alckmin poderia, nesse caso, disputar a sucessão de Dilma Rousseff por outra legenda.

A possibilidade não é mera especulação. Têm sido intensas as articulações do governador com lideranças do PSB (do vice-governador Márcio França), DEM, PPS e PV.

Pedro Tobias minimiza a pesquisa Datafolha divulgada hoje (3), que reflete a indecisão tucana. Segundo o estudo, os dois únicos candidatos do PSDB inscritos para disputar as prévias, Doria Jr. e Matarazzo, têm intenção de voto de 3% e 4%, respectivamente. A dificuldade tucana, avalia Tobias, é que os possíveis candidatos do partido são estreantes em eleições a cargos executivos, enquanto Russomano (com 34%) é conhecido não só por sua atuação na televisão como pela projeção herdada da eleição passada. “Por outro lado tem o prefeito (Haddad), Marta Suplicy, que já foi prefeita e também candidata, Datena, também conhecido pela TV. Nossos candidatos são novatos.”

Tobias diz que a falta de consenso e a consequente lista com vários nomes na disputa “é da democracia”. “Eu preferiria um só, mas paciência. A democracia é isso, não se pode impedir alguém de pretender ser candidato”, diz Tobias. O presidente estadual da legenda afirma ser a favor das prévias. “Se todos abrissem mão em favor de um, seria melhor, mas isso, acredito, não vai acontecer.”

O deputado afirma que sua posição no partido impede que se manifeste por um nome, mas reconhece: “Tenho preferência pessoal, sem dúvida tenho preferência por um nome”.

Sem tradição

Se o PSDB tem conseguido a hegemonia no Palácio dos Bandeirantes nos últimos 20 anos – a partir de 1995, com Mário Covas –, na capital paulista, a situação é inversa. Desde a redemocratização do país, o partido só teve dois prefeitos e só elegeu um pelo voto direto. Os prefeito de capitais só passaram a ser eleitos diretamente em 1985.Em 1983, Mário Covas foi nomeado pelo então governador Franco Montoro.

Serra, eleito em 2004, só governou por 15 meses, de janeiro de 2005 a março de 2006, quando deixou a prefeitura para disputar e a eleição para o governo do estado.