Para Dilma, Mercosul se consolida sob o ‘signo da inclusão’

Durante reunião de Cúpula, em Brasília, presidente ressalta entrada da Venezuela no bloco e futura adesão de Bolívia, Equador, Suriname e Guiana

Dilma e Cristina Kirchnér na reunião do Mercosul: bloco se consolida em “ideal de integração”, afirma presidenta brasileira (Foto: Wilson Dias/ABr)

Brasília –  A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (7) que o Mercosul está em uma nova etapa, sob o “signo da inclusão”, ressaltando a adesão da Venezuela ao bloco, desde julho, e a possibilidade de Bolívia e Equador também integrarem o grupo, assim como Suriname e Guiana.

“É um novo Mercosul”, destacou a presidenta. Dilma disse ainda que será feita uma revisão no Fundo de Convergência Estrutural (Focem), que se destina a reunir recursos para a execução de programas de infraestrutura, em busca da redução de assimetrias entre os países membros.        

Dilma participa da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, que ocorre em Brasília, no Palácio Itamaraty. As conversas com a Bolívia e o Equador já começaram, mas o processo é considerado longo, pois depende de várias etapas técnicas e jurídicas.

Ao se dirigir ao presidente da Bolívia, Evo Morales, Dilma disse que a adesão dos bolivianos ao Mercosul trará “uma cultura diversificada e que muito nos orgulha, que é a indígena”. A presidenta se disse feliz em perceber que o bloco “está se consolidando em um ideal de integração”. Junto com a inclusão da Venezuela, disse Dilma, o bloco ganha “densidade maior na Amazônia”.

Morales assinou hoje o protocolo de adesão. É a primeira etapa do processo, que costuma levar anos, pois envolve questões técnicas e jurídicas até a conclusão. As negociações para a adesão da Venezuela ao grupo duraram seis anos. A assinatura ocorreu durante a cerimônia de transmissão da presidência temporária do bloco do Brasil para o Uruguai.

Dinamismo

Dilma defendeu a integração regional e a lealdade aos princípios da inclusão social como ações fundamentais para que o Mercosul reaja aos impactos da crise econômica internacional.

Segundo ela, o comércio dentro do bloco é um importante irradiador de dinamismo. Ela disse estar preocupada com a crise que atinge principalmente a zona do euro e os Estados Unidos.

Dilma alertou que os próximos anos serão de desafios para o bloco. “A permanência desse cenário global de crise torna ainda mais evidente a importância da nossa integração, que é o que nos fará mais fortes e aptos a enfrentar as turbulências do mercado internacional”, disse a presidenta.

Em seguida, a ela destacou que “entre 2007 e 2011, elevaram-se de US$ 39 bilhões para US$ 62 bilhões as nossas transações, o que é muito importante e significativo diante do baixo crescimento e até do momento recessivo vivido pela economia global”.

O desafio do Mercosul para o futuro, segundo a presidenta, é materializar a aspiração de fornecer produtos manufaturados, ser portador de conhecimento e ser capaz de criar ciência, tecnologia e inovação, além de ser provedor de alimentos, matérias e energia para o mundo.

Ela ressaltou que, juntos, os países do bloco constituíram um mercado de grande dimensão e formam a quinta economia do mundo, algo histórico, principalmente quando o mundo passa por uma grande crise na zona do euro e nos Estados Unidos. “Em um mundo em que cresce o desemprego e a desigualdade, a América Latina pode [fazer] e faz muita diferença”, disse a presidenta.

Focem

Em relação à revisão do Focem, a presidenta acrescentou que as alterações estudadas visam a aperfeiçoar as regras existentes. Segundo ela, o fundo supera um total de US$ 1 bilhão e se destina principalmente aos projetos de energia, habitação, transportes, capacitação tecnológica e aspectos sanitários. Atualmente, o fundo reúne mais de 40 projetos.

Participam da cúpula Dilma e os presidentes Cristina Kirchner (Argentina), José Pepe Mujica (Uruguai), Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia), Donald Ramotar (Guiana) e Desi Bouterse (Suriname), além da vice-presidenta do Peru, Marisol Cruz, e dos vice-chanceleres Alfonso Silva (Chile) e Monica Lanzetta (Colômbia), assim como o ministro de Minas e Energia da Venezuela, Rafael Ramírez, que representa o presidente Hugo Chávez.

O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai – que está suspenso do bloco até abril de 2013. Chile, Equador, Colômbia, Peru e Bolívia integram o grupo como países  associados. Com os venezuelanos, o Mercosul passa a contar com Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 3,32 trilhões. A população do bloco alcança 275 milhões de habitantes.

Com informações da Agência Brasil