Brasil perdoa US$ 840 milhões de dívida externa de 12 países africanos

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roberto stuckert filho/pr

Em um dos encontros bilaterais dos quais participou nesta manhã, Dilma encontrou o primeiro-ministro etíope Hailemariam Desalegn

Adis-Abeba – O Brasil anunciou hoje (25) o perdão e a reestruturação de dívida externa de 12 países africanos no valor de US$ 840 milhões, afirmou à Agência EFE o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann. Segundo ele, a medida ajudará a construir uma estratégia mais ampla para impulsionar os laços entre o país e o continente africano, que conta com algumas das economias de maior crescimento do mundo.

Além disso, Traumann disse que o anúncio é uma continuação da cooperação do Brasil com a África, que hoje celebra na capital etíope o cinquentenário da fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), predecessora da atual União Africana (UA).

“Não é a primeira vez que o Brasil cancela dívida com países africanos. Fizemos antes, e esta vez é uma continuação da nossa cooperação com a África”, afirmou Traumann.

Em discurso na comemoração do aniversário de 50 anos da União Africana, a presidenta Dilma Rousseff destacou hoje a importância da autonomia tanto do continente africano quanto da América Latina, assim como a importância da cooperação entre ambos. “Os avanços da União Africana, como os daUnasul (União de Nações Sul-Americanas) encerram um ensinamento fundamental: quem deve resolver os problemas das nossas regiões somos nós mesmos, respeitando sempre as diferenças que porventura existem entre nós”, disse.

Dilma Rousseff representa a América Latina no encontro da União Africana em Adis Abeba, capital da Etiópia. No discurso, disse que o Brasil possui muitas semelhanças com o continente africano. “O Brasil vê o continente africano como um irmão e vizinho próximo”, disse. “Nossos interesses comuns são amplos: buscamos o desenvolvimento, o que exige a promoção da inclusão da nossa população aos ganhos e riquezas de nosso país.”

A presidenta reforçou também o interesse em ampliar para além das relações comerciais a cooperação com o continente africano, em uma cooperação Sul-Sul. A intenção é garantir “avanços e lucros mútuos para ambas as partes”.

Ela finalizou o discurso com uma metáfora: “Chegou a hora de o leão africano escrever sua história, assim como a onça brasileira escrever a sua”.

Dilma fica em Adis Abeba até o começo da noite. Na manhã deste sábado, participou de encontros bilaterais com os presidentes da Guiné, Gabão, Quênia e Congo, após a comemoração do jubileu, que durou cerca de 3h. A presidenta também visitou Lucy, um fóssil de mais de 3 milhões de anos, descoberto em 1974, no deserto da Etiópia.

Dilma viajou acompanhada por uma comitiva de ministros, como Antonio Patriota (Relações Exteriores), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Luiza Bairros (Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial) e Aloizio Mercadante (Educação), além do porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, empresários e assessores.

Criada em maio de 1963, a União Africana (que reúne 54 países) assumiu a função de buscar soluções internas para os conflitos envolvendo as distintas nações, assim como o processo de progressiva democratização e fortalecimento institucional. O intercâmbio comercial entre Brasil e África cresceu cinco vezes nos últimos dez anos, evoluindo de US$ 5 bilhões, em 2002, para US$ 26,5 bilhões, em 2012.

Com informações da EFE e Agência Brasil