Segurança

Cardozo evita polêmica com Alckmin e afirma que momento é de cooperação

Depois de governador culpar governo federal por consumo de drogas em São Paulo, ministro da Justiça recomenda a tucano deixar divergência para eleições e afirma que solução é a integração

Diogo Moreira/Frame/Folhapress

“Ninguém é super-homem ou super-mulher”, disse Cardozo, pedindo soma de esforços entre governo, estados e municípios

São Paulo – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, evitou hoje (24) esquentar a polêmica com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que atribuiu ao governo federal a culpa pelo consumo de drogas no estado. Durante visita à capital paulista, o petista evitou o jogo de empurra e afirmou que o problema só se resolverá pela integração de esforços.

“Eu não vou polemizar, acho que é hora de buscar convergências, e não divergências, não vou politizar em hipótese nenhuma. O que afirmo é que o governo federal está solidário com São Paulo, é um momento de aumento da violência no estado, estamos juntos, sempre oferecendo auxilio, estamos à disposição com nossos presídios, a Policia Federal hoje está agindo numa agência que criamos em conjunto na troca de informações de inteligência”, disse, ao lado do prefeito Fernando Haddad (PT), durante cerimônia sobre o programa federal “Crack, é possível vencer”.

Esta semana, ao anunciar medidas que tentam combater a escalada de violência no estado, Alckmin evitou assumir a responsabilidade pelo problema. “Tráfico de drogas é responsabilidade do governo federal. São Paulo produz cana, laranja, soja, milho, café, não produz cocaína”, disse, acrescentando que as fronteiras estão “totalmente abertas” para a entrada de armas e drogas. “Em muitos crimes a pessoa está sob efeito de drogas. Há uma epidemia.”

O ministro respondeu hoje afirmando que o país vai investir R$ 3 bilhões em controle das fronteiras até o fim do próximo ano, e que de janeiro até agora as Forças Armadas e a Polícia Federal apreenderam 300 toneladas de drogas, número que, segundo ele, é inédito. “Ninguém é super-homem ou super-mulher para resolver sozinho este problema então ou nós superamos essa mentalidade que as vezes ainda existe no Brasil, de pessoas colocarem questões políticas acima do interesse público, e nos unirmos, pactuando o que é comum, deixando as disputas eleitorais para o momento certo, ou não enfrentaremos o problema como deve”, afirmou Cardozo.

“Por sermos limitados não só de vista de nossas convicções, mas também de nossas competências constitucionais, temos que somar esforços e estar juntos. Pactuar responsabilidades, chamar para nós a unidade em vez de explorarmos nossas divergências. Para enfrentarmos as drogas é necessário procurarmos nossas convergências. E não maximizarmos divergência é o ponto de partida do plano.”

No ano passado, no auge da escalada de violência, Cardozo e Alckmin se encontraram no Palácio dos Bandeirantes para definir um plano de colaboração que previa o uso dos serviços federais de inteligência e planejamento para combater a criminalidade. Este ano, em duas oportunidades o governador anunciou medidas em meio a momentos de maior evidência do problema. Além disso, passou a explorar a questão do crack como motivador das infrações e anunciou um programa que paga comunidades terapêuticas por paciente. O chamado Cartão Recomeço repassa R$ 1.350 por mês e estimula a abertura de entidades privadas no setor.